No sábado passado, dia 20 de julho, completou-se o 50º aniversário do pouso da missão Apollo 11 na Lua. E 50 anos depois, uma startup em blockchain chamada Diana está lançando um “registro lunar” que tenta colocar a superfície lunar em um livro distribuído.
De acordo com a Coindesk, o projeto está oferecendo a propriedade coletiva do satélite natural da Terra através da divisão da lua em 3.874.204.892 células, que serão codificadas em uma blockchain por meio de um endereço de três palavras. A prova de participação neste “mapa cadastral” é representada por dois tokens chamados Dia e Mond.
Na prática, os detentores dos tokens seriam proprietários de um pedaço da superfície lunar representado pelos tokens em si. Cada token corresponde a 9,790 metros quadrados da superfície lunar. Entretanto, apenas a face da Lua visível da Terra está disponível – o “lado oculto da Lua” não está incluso na divisão.
A Lua em pedaços
Após o lançamento da blockchain Diana, a startup também planeja desenvolver uma organização autônoma descentralizada (DAO) e, eventualmente, uma exchange para construir uma economia em torno da divisão da Lua.
O token Dia, um token nativo distribuído no registro, será permutável com o Mond, que será destinado para transações. Consequentemente, os custos de registro aumentarão à medida em que mais tokens forem vendidos, o que “aumentará” o valor dos tokens para os participantes do mercado e evitará especulações.
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De acordo com a empresa, 50% dos tokens serão disponibilizados para venda ao público, enquanto menos de 2% serão reservados para os fundadores e equipe de desenvolvimento – os 48% restantes funcionarão como uma reserva.
Os tokens serão mantidos em endereços de três palavras que terão o formato “nome.verbo.nome”. “Diana.love.BTS”, “i.am.yourfather” e “amstrong.land.Moon” são alguns dos exemplos de possíveis endereços.
Tratado sobre o Espaço
No entanto, o projeto pode ser barrado antes mesmo de começar. Isso porque a intenção de tornar a Lua uma “propriedade coletiva” entra em conflito com o Artigo II do Tratado da ONU sobre o Espaço Exterior, de 1967, considerado a “constituição do espaço”. O artigo afirma o seguinte:
“O espaço exterior, incluindo a Lua e outros corpos celestes, não está sujeito à apropriação nacional sob reivindicação de soberania, por meio de uso ou ocupação ou por qualquer outro meio.”
O whitepaper do projeto cita o Artigo II. No entanto, os fundadores apontam que este tratado não diz nada sobre “propriedade privada” ou divisão do Sistema Solar. Eles também afirmam que muitas nações soberanas, como a China, e corporações ricas em capital, como a Blue Origin de Jeff Bezos, estão se preparando para explorar, e talvez monopolizar, a “herança compartilhada da humanidade”.
Com isso, eles acreditam que esta corrida espacial da próxima geração levará inevitavelmente à questão sobre “quem é dono da Lua”.
“Dada a possibilidade do aumento de disputas de propriedade, a Diana está atualmente oferecendo propriedade tokenizada da superfície lunar visível – uma chance para que todos possam obter uma fatia”, afirma a empresa.
Como parte do roteiro do projeto, a equipe espera estabelecer a Together Moon Foundation, nomear uma equipe de defesa especializada em direito espaço e internacional e “desenvolver o modelo de negócios para a posse da Lua”.
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