Após o colapso da FTX e da Alameda Research, as plataformas de negociação de criptomoedas estão correndo para mostrar que os ativos dos clientes estão seguros e não estão sendo usados para especulação. E assim começou a corrida pelo sistema de Prova de Reservas (PoR).
Conforme noticiou o CriptoFácil, pelo menos três grandes exchanges adotaram o modelo. A Binance anunciou a implementação do PoR no dia 9 e em seguida foi a vez da Crypto.com. Mas a Kraken já adotava esse modelo, que promete mais transparência nas reservas das exchanges.
No entanto, um relatório do Bank of America (BoA) questiona a eficiência do PoR em garantir mais segurança para esse mercado. De acordo com o banco, o sistema tem boas intenções e de fato apresenta transferências, mas possui grandes falhas em seu modelo atual.
“As Provas de Reservas, pelo menos na forma em que foram sugeridas, têm muitas deficiências para inspirar confiança”, disse o banco. O banco fez esta análise em um relatório de pesquisa publicado na quinta-feira (17).
Riscos de manipulação
O relatório observa que muitas exchanges já relataram ou planejam relatar seus ativos por meio de comprovação de reservas. Nesse sentido, o modelo predominante, segundo o BoA, é a prova de reservas utilizando Árvores de Merkle (Merkle Trees).
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As Árvores de Merkle são estruturas de dados eficientes chamadas “árvores de hash”, como os hashes de transações de criptomoedas. Os clientes das exchanges podem verificar os hashes com segurança, ou seja, eles se comportam como um mapa dos fundos dos clientes. Dessa forma, a exchange consegue provar que tem em sua posse os fundos de cada cliente.
Mas o BoA afirma que o modelo possui uma série de deficiências. Por exemplo, a PoR mostra a posição dos ativos em um ponto fixo no tempo, isto é, o modelo não capta as reservas em tempo real. Uma exchange poderia divulgar sua PoR e em seguida fazer o empréstimo de ativos.
Os hashes não captariam esse segundo movimento, o que daria a impressão de que a empresa tem os fundos.
Questão de responsabilidade
Além disso, o BoA afirma que não basta as exchanges realizarem PoR: também é preciso ter prova de responsabilidades. Este modelo serve para determinar a alavancagem e a segurança dos ativos da empresa, para saber se ela de fato tem mais ativos do que passivos.
Nesse sentido, os procedimentos de PoR geralmente dependem de firmas de auditoria terceirizadas, o que introduz um novo risco.
As exchanges também precisam auditar as reservas de stablecoins, não apenas exibi-las.
O BoA também afirmou que as exchanges devem estabelecer limites entre as plataformas de negociação e os formadores de mercado. Isso não é uma falha na PoR, mas sim uma camada adicional de transparência.
Por fim, como era de se esperar, o BoA defendeu a regulamentação do setor de criptomoedas, citando o caso da FTX. De acordo com o relatório, o status regulatório da FTX nas Bahamas não permite dizer se o fundador e ex-CEO Sam Bankman-Fried violou alguma lei, uma vez que a FTX não tinha regulamentação como corretora.