A violência e o medo que têm atingido a região dos Camarões (Bamenda, Bafoussam, Nkongsamba, Tiko e Doula), também conhecida como Ambazônia. E a partir de agora, a região conta com a participação indireta de uma das principais criptomoedas do mercado, o Ethereum, à medida em que separatistas (em luta contra governo num conflito social iniciado antes de 1999 e retomado com força em 2016) criaram um token próprio, a AmbaCoin (AMBA), utilizando ERC-20, destinado a ser moeda oficial da “República Federal da Ambazônia”, em oposição ao Franco CFA, moeda fiduciária oficial do país.
Segundo o portal de notícias QZ África, mais de 20 mil AMBAs já foram compradas (de um total de 100 milhões de AMBAS disponíveis) em uma rodada de pré-ICO, sendo que a ICO real está programada para iniciar no dia 24 de dezembro, estipulando como valor 1 AMBA = US$0,25. Assim como o Petro, a AmbaCoin afirma ser uma criptomoeda apoiada por ativos, “recursos naturais e futuros ganhos da tesouraria” da Ambazônia, no entanto, não está claro quais são estes recursos, afinal a região, reivindicada como “República”, não é reconhecida por nenhum Estado e enfrenta forte repressão do exército dos Camarões.
“Os investidores [da AmbaCoin] poderão recuperar seus investimentos da mesma maneira que podem se beneficiar da aquisição de títulos e notas do Tesouro. Como um grande número de pessoas na diáspora ambazoniana procura investir no país, elas serão capazes de recuperar seus investimentos com considerável interesse, muito além do que está disponível em títulos do Tesouro e notas. Ao mesmo tempo, os investidores terão a oportunidade única e privilegiada de ajudar a colocar uma nação de volta aos trilhos após décadas de infortúnio como um povo marginalizado dentro de Camarões”, diz o whitepaper da AmbaCoin.
Notas de títulos em papel representando os tokens AmbaCoin também estão sendo sendo desenvolvidos, conforme compartilhado na página do Facebook de Chris Anu, o secretário de Estado do governo separatista para Comunicações e TI.
O conflito interno dos Camarões é uma contenda antiga que envolve territórios comandados pelos antigos colonizadores. Em 1999 a região se autodeclarou independente como República da Ambazônia, no entanto, não obteve reconhecimento de nenhum país ou organismo multilateral. Com o passar dos anos, o conflito foi se agravando até que em outubro de 2016, uma série de manifestações e greves acalorou novamente os ânimos e, com a forte repressão do Estado, a crise ganhou ares de guerra civil.
Em 09 de setembro de 2017, o Conselho de Defesa da Ambazônia implantou as Forças de Defesa da Ambazônia e o líder do grupo, Benedict Kuah, declarou formalmente guerra ao governo dos Camarões e o lançamento de operações de combate para alcançar a independência da Federação da Ambazônia. O governo, por sua vez, também declarou guerra aos grupos separatistas, o que tem feito milhares de pessoas fugirem de distritos dos Camarões, acusando as forças governamentais de violação sexual, morte e perseguição.
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