Em junho, o CriptoFácil noticiou sobre um sandbox regulatório na esfera dos criptoativos, criado pela Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM), pela Secretaria Especial de Fazenda do Ministério da Economia, pelo Banco Central do Brasil e pela Superintendência de Seguros Privados.
A justificativa para tal ação é responder às mudanças ocorridas nos mercados financeiro, de capitais e securitário. Um sandbox regulatório é um ambiente de teste utilizado para garantir o cumprimento das regras, bem como para realizar checagens de segurança relacionadas a operações financeiras, incluindo aquelas envolvendo criptomoedas e outros sistemas baseados em tecnologia blockchain.
No dia 26 de agosto, aconteceu na capital do Rio de Janeiro, o BlockTrends, evento organizado pela QR Capital em conjunto com a Fundação Tezos e o BTG Pactual. Durante sua palestra no evento, o Superintendente da CVM Antonio Carlos Berwanger destrinchou o funcionamento e os critérios de seleção do sandbox regulatório criado.
“O sandbox é uma resposta às transformações do mercado de capitais que têm impulsionado o surgimento de novos modelos de negócios com novas tecnologias. A blockchain é uma tecnologia nova que pode ser testada e implementada em diversas atividades no mercado de valores mobiliários. Imagino que este sandbox seja um caminho natural para testar aplicações desenvolvidas em blockchain.”
Além de Berwanger, o evento reuniu 266 profissionais do mercado financeiro e especialistas em tecnologia blockchain. O CEO da QR Capital Fernando Carvalho comentou sobre o evento:
“O BlockTrends foi um sucesso. Conseguimos criar a ponte entre dois mundos: o dos entusiastas da tecnologia blockchain e o do mercado tradicional. Tivemos casa cheia e discussões de qualidade, o que mostra como o interesse pelo mercado de criptoativos está aumentando fora dos círculos de entusiastas.”
Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, também estava entre os presentes:
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“A experiência das criptos nos faz crer que não pode ser offshore. Ou as criptos serão bem diferentes de um novo offshore, ou não vão funcionar. Não dá para criar um faroeste monetário.”
O ex-presidente do BNDES Joaquim Levy falou sobre a utilização da blockchain na gestão pública, abordando como a tecnologia pode ser utilizada para emitir a dívida pública e até prevenir o desmatamento da Amazônia:
“A emissão da dívida pública em blockchain, com o uso de contratos inteligentes, permitem automatizar, de forma inovadora, a emissão e comercialização desta classe de ativos fundamental para a economia. […] Com essa tecnologia podemos rastrear e ter um registro imutável das árvores e de toda a etapa do transporte de madeira, para verificação e identificação.”
A atual representante da iniciativa blockchain dentro do BNDES, Vanessa Almeida, teceu breves comentários sobre o BNDES token – projeto para aumentar a transparência da instituição.
“A confiança nas instituições vem caindo e a blockchain é chamada de a máquina da confiança, então resolvemos usar essa máquina para criar transparência e confiança com os financiamentos do banco.”
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