As investigações a respeito da suposta pirâmide de criptomoedas GAS Consultoria Bitcoin ganhou mais um capítulo. Após prender o líder do esquema, Glaidson Acácio dos Santos, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) apuram se a empresa, que movimentou R$ 38 bilhões, lavou dinheiro do tráfico de drogas.
A investigação teve início após a Receita Federal identificar uma transferência de R$ 5 milhões feita por um corretor de imóveis para GAS.
Esse corretor, cujo nome não foi revelado, já esteve envolvido num esquema de lavagem de dinheiro de uma facção criminosa.
De acordo com o relatório final da investigação, obtido pelo Jornal O Globo, o corretor de imóveis declarou, em seu imposto de renda, que a transferência feita em 2019 correspondia a um “empréstimo para a empresa”.
Corretor vendeu cobertura para traficante
Contudo, o corretor já esteve envolvido em um episódio suspeito em 2013. Na época, ele intermediou a venda de um apartamento, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, para o traficante Marcelo das Dores. O “Menor P” chefiava o tráfico de drogas em parte do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio.
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora
Em 2014, o traficante foi preso pela PF justamente na cobertura de luxo vendida pelo corretor.
Além disso, as investigações descobriram que o carro usado para levar “Menor P” da favela ao apartamento pertencia ao corretor.
Ele teria emprestado o carro ao secretário do traficante, responsável por negociar o imóvel e fazer o pagamento.
O corretor alegou em depoimento que o secretário tinha dito que o comprador era um “famoso jogador de futebol paulista”. Ademais, ele relatou ter emprestado o carro para o secretário “encontrar a amante”.
O Ministério Público chegou a denunciar o corretor por lavagem de dinheiro. Mas ele acabou sendo absolvido pela Justiça.
Corretor era próximo de suposto operador financeiro da GAS
Nas investigações da GAS, o homem que enviou R$ 5 milhões à empresa aparece ligado a outro corretor de imóveis, Michael de Souza Magno.
Magno é apontado como operador financeiro da GAS, que prometia rendimentos de 10% ao mês com supostos investimentos em Bitcoin.
Na internet, Magno é conhecido como “corretor das celebridades”. Ele aparece em fotos ao lado de artistas como Bruno Gagliasso e Nívea Stelmann, para quem já teria vendido imóveis. Segundo o relatório, os dois corretores têm “vinculações estreitas”.
O documento ainda aponta para “a possibilidade, a ser melhor aprofundada após as quebras ora demandadas, do esquema sob investigação envolver a lavagem de capitais de outros crimes, inclusive o tráfico de drogas”.
O relatório foi assinado pelo procurador da república Douglas Santos Araújo e pelo delegado da PF Guilhermo de Paulo Machado Catramby.
Leia também: Protocolo Cream Finance sofre ataque e perde R$ 125 milhões
Leia também: Bitcoin só vai superar o ouro daqui a centenas de anos, diz Fernando Ulrich
Leia também: Hacker histórico à Poly Network é assunto do último episódio do podcast sobre criptomoedas