A Polícia Federal está buscando apreender criptomoedas no âmbito da Operação Smoke Free, deflagrada nesta quarta-feira (23). Um dos alvos da ação da PF e do Ministério Público Federal (MPF) é o filho do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
José Eduardo Neves Cabral é apontado como integrante de uma “organização criminosa armada e transnacional especializada em comércio ilegal de cigarros”. A ação conta com o apoio da U. S. Homeland Security Investigations (HSI), agência de imigração e alfândega dos EUA.
Operação Smoke Free
Cerca de 40 equipes de agentes, totalizando 300 policiais, cumprem na capital do Rio e na Baixada Fluminense 27 mandados de prisão preventiva, bem como 50 mandados de busca e apreensão. A 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro emitiu os mandados. Até o fechamento desta matéria, 13 pessoas já haviam sido presas, de acordo com o G1. Contudo, até agora, a PF não encontrou José Eduardo.
Além do filho de Cabral, são alvos PMs, bombeiros, um policial federal e Adilson Coutinho Oliveira Filho. O “Adilsinho”, como é conhecido, é procurado pela polícia desde a Operação Fumus, que ocorreu em junho do ano passado.
Além dos mandados, a Justiça emitiu ordens de bloqueio, sequestro e apreensão de bens, avaliados em cerca de R$ 300 milhões. Dentre os bens, estão criptomoedas, imóveis, veículos de luxo, dinheiro em espécie, valores depositados em contas bancárias, entre outros.
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A PF não deu, no entanto, mais detalhes sobre a utilização de ativos digitais pela organização criminosa. Ou seja, não informou se eles utilizaram criptomoedas como forma de pagamento pelos produtos ilícitos, para lavagem de dinheiro ou algum outro fim. De acordo com a PF, o grupo investigado teria causado um prejuízo bilionário à União:
“O grupo econômico que suporta a organização criminosa investigada é devedor contumaz da União e possui débito tributário de, aproximadamente, R$ 2 bilhões, segundo informado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional”, disse a PF em nota.
Sobre as atividades do grupo
De acordo com a investigação, iniciada em 2020, o grupo começou a atuar em 2019 com transporte e comercialização de cigarros oriundos de crime em territórios dominados por outras organizações criminosas, como facções e milícias, por exemplo.
O grupo falsificava documentos ou não emitia notas fiscais. Além disso, as atividades ilícitas aconteciam por meio de acordo entre facções e milícias e o grupo alvo da investigação.
“Em consequência, [o grupo] efetuava a lavagem dos recursos obtidos de forma ilícita e remetia altas cifras ao exterior de forma irregular, entre outros ilícitos cometidos”, disse a PF.
A HSI colaborou com a ação, compartilhando informações com a PF. De acordo com a polícia, os suspeitos podem responder pela prática de crimes de sonegação fiscal, duplicata simulada, receptação qualificada, corrupção ativa e passiva, lavagem de capital e evasão de divisas. Se condenados, podem pegar até 66 anos de reclusão.