Para compreendermos como a blockchain potencializa a Internet do Futuro, veremos a diferença entre Web e Internet, os diferentes estágios de evolução da Web, quais as qualidades da Web 3.0. Ao final, este artigo mostrará soluções Blockchain criadas para levar a Web 3.0 à absoluta descentralização.
A internet onipresente
Hoje, é comum usarmos a palavra “inteligente” para qualificar dispositivos capazes de se conectar à internet. É cool usar geladeiras inteligentes para reunir os dados de sua família, atender remotamente o visitante que toca a campainha de sua casa com a fechadura inteligente Gate e usar a assistente pessoal de seu smart phone (celular inteligente, em inglês) para procurar o restaurante mais próximo de sua atual localização.
Não é somente a conexão à internet, contudo, que torna um dispositivo “inteligente”. Exige-se, também, a combinação de serviços, confiança e facilidade de uso configurando uma melhor opção para consumidores.
Todas essas coisas interconectadas formam uma rede, também conhecida por fenômeno da Onipresença, ou simplesmente IoT– Internet of Things (Internet das Coisas, em português). Esta rede de dispositivos é uma das características mais marcantes da Web 3.0.
Ainda não temos esta infraestrutura, e nem todos os dispositivos estão conectados, mas estamos caminhando para a IoE – Internet of Everything. Isto é, para um mundo onde tudo e qualquer coisa estará conectada à internet.
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Eis porque a Web 3.0 será a “Internet do Futuro”: ela será uma “Internet Onipresente”.
Web vs. Internet
Muitos usam Web e internet como palavras sinônimas. Mas você sabe diferenciá-las?
Em uma rápida visita na página da Web Consortium, também conhecido como W3C [1], descobrimos o seguinte:
“A Internet é um sistema global de redes de computadores interconectadas que trocam dados por comutação de pacotes usando o Internet Protocol Suite (TCP / IP) padronizado.”
Logo:
A Internet é uma rede de redes.
E esta rede é definida pelos padrões TPC / IP
“A World Wide Web (WWW, ou simplesmente Web) é um espaço de informações no qual os itens de interesse, referidos como recursos, são identificados por identificadores globais chamados Uniform Resource Identifiers (URI).” (Architecture of the World Wide Web, Volume One do W3C)
A Web é um espaço de informação.
As primeiras três especificações para tecnologias da Web definiram URLs, HTTP e HTML.
Agora, antes de descobrirmos quais as características da internet do futuro, é importante ter uma breve noção de como se deu a evolução da Web.
Os estágios de evolução da Web
Na década de 1960, logo após a Guerra Fria, surgiu o que chamaram de…
ARPANET, a primeira versão da Internet.
Nesta primeira fase, com o propósito inicial de servir a objetivos militares dos EUA, a internet possibilitou basicamente o compartilhamento de informações, com entrega de conteúdo on line, de modo estático, e em sua maior parte corporativo. Uma de suas grandes conquistas foi o envio do primeiro e-mail em 1969.
Também neste período, foi criado o IP – Internet Protocol – e o HTTP – Hyper Text Transfer Protocol Secure – que possibilitaram o tráfego de dados via rádio, fibra ótica e satélite, com envio de informações criptografadas e transações comerciais. E neste passo…
A Web foi criada em 1992 por Tim Berners-Lee.
Onde tudo começou
A Web 1.0 refere-se ao primeiro estágio da World Wide Web, que era inteiramente composto de páginas da Web conectadas por hiperlinks. Embora a definição exata da Web 1.0 seja uma fonte de debate, acredita-se que ela se refira à Web quando era um conjunto de sites estáticos que ainda não forneciam conteúdo interativo.
Como tudo evolui e nada permanece estático, novas ferramentas surgiram e tornaram a primeira geração da Web, a Web 1.0, mais dinâmica. Com isso, teve início a Web 2.0.
Exatamente onde a Web 1.0 termina e a Web 2.0 começa não pode ser determinado como isso uma mudança que aconteceu gradualmente ao longo do tempo à medida que a Internet se tornou mais interativa.
A web social
Desde 2004, a Web 2.0 tem sido o termo usado para descrever a web social, onde os sites de redes sociais ocupam um lugar de destaque nas atividades online dos usuários. A mudança para essa web mais interativa que a Web 1.0 ocorreu como resultado de mudanças tecnológicas que tornaram a Internet – e a capacidade de desenvolver conteúdo – mais acessível. Essas mudanças incluem internet de banda larga, melhores navegadores, AJAX e o desenvolvimento em massa de widgets.
Diz-se, então, que a Web 2.0 foi uma evolução da Web original (que pode ser comparada a uma biblioteca).
A Web 1.0 era essencialmente um espaço de informação onde eram disponibilizadas páginas de texto para as pessoas lerem, mas sem interagir. Ora, a Web 2.0 mudou isso por possibilitar interação do usuário com sites dinâmicos que agem mais como aplicativos que simplesmente páginas de informações.
E como tudo evolui e nada permanece estático…, estamos entrando na Era da Web 3.0. Ela está programada para ser o novo paradigma em interação na web e, logo, marcará uma mudança fundamental em como os desenvolvedores criam sites e, principalmente, como as pessoas interagem com esses sites.
Cientistas da computação e especialistas em Internet acreditam que esse novo paradigma de interação na Web 3.0 tornará a vida das pessoas mais fácil e intuitiva. Aplicativos mais inteligentes, darão aos usuários exatamente o que eles buscam, através da compreensão do contexto em vez de simplesmente comparar palavras-chaves, como é feito atualmente na Web 2.0. Vejamos, então, porque a Web 3.0 será uma reinvenção completa da Web.
A profecia dos filmes de ficção científica
Para entender a Web 3.0, nada melhor que um exemplo.
Na atual Web 2.0, os usuários interagem com sites que possuem comportamentos “predeterminados de acordo com a entrada de usuários”. Os usuários podem pesquisar informações usando vários mecanismos de pesquisa que geralmente fornecem resultados satisfatórios “se houver informações suficientes sobre a pesquisa”. No entanto, essa pesquisa é realizada apenas por palavras-chave e traz as informações mais populares disponíveis, sem compreender o contexto da pesquisa.
Imagine que um usuário procura por um inseto chamado “camaro” e insere apenas uma palavra no site de busca. Ora, cerca de 90% dos resultados da pesquisa com certeza irão listar o modelo de carro Chevy Camaro, e não o inseto. E isto ocorre porque o carro é o resultado de pesquisa mais popular.
Em contrapartida, como a Web 3.0 tem o usuário como foco e base para seu funcionamento, no mesmo exemplo acima, será capaz de fornecer ao usuário informações mais úteis sobre o inseto camaro, como seu habitat e até mesmo onde encontrá-lo como iguaria.
Logo, pode-se comparar a Web 3.0 com um assistente de inteligência artificial que entende seu usuário e personaliza tudo. Seus recursos serão comparados com filmes de ficção científica.
Ainda não existe, na verdade, uma definição concreta para a Web 3.0. Também, a tecnologia que nos levará até lá ainda não amadureceu. Já é possível, no entanto, identificar algumas de suas características.
Esboço da internet do futuro
O fenômeno da onipresença
Além do fenômeno da Onipresença, vejamos as demais características da Web 3.0, começando pela centralização no usuário que, nada mais é do que seu foco no usuário.
O usuário como razão de ser
A Web 3.0 foi projetada para ser mais centrada no usuário. Isto é, sem servidores centralizados, com todos os dados distribuídos entre dispositivos. Assim, o acesso pelas pessoas se dará com maior liberdade e sem supervisão. O que é bastante interessante se considerarmos que as pessoas estão criando mais conteúdos do que nunca, disponibilizados na internet sem intermediários. As pessoas estão simplesmente “seguindo” conteúdos e pessoas que mais lhes agradam, sem qualquer interferência de canais de mídia ou criadores de conteúdo corporativo.
Inteligência Artificial
De outro lado, a inteligência artificial será uma poderosa ferramenta para fornecer via internet as melhores análises e o melhor resultado às pessoas. A inteligência artificial será capaz, por exemplo, de identificar seu gosto musical. Poderá, ainda, sugerir as melhores opções para seu repertório depois analisar seu comportamento no Spotify. Como tudo está interligado na Web 3.0. Ao invés das técnicas de marketing tradicionais de massa, a nova estratégia de marketing buscará a pessoa como base.
P2P Network
Outra característica da Web 3.0 é que ela se concentra em uma Peer-to-Peer Network. Uma rede peer-to-peer (P2P) é, pois, um grupo de computadores, onde cada um deles compartilha arquivos dentro do grupo. Em vez de um servidor central como uma unidade compartilhada, cada computador atua como servidor de arquivos.
Quando uma rede P2P é estabelecida pela Internet, um servidor central pode ser usado para indexar arquivos, ou uma rede distribuída pode ser estabelecida onde o compartilhamento de arquivos é dividido entre todos os usuários na rede que estão armazenando um determinado arquivo.
Quando as redes P2P são estabelecidas pela Internet, o tamanho da rede e os arquivos disponíveis permitem que grandes quantidades de dados sejam compartilhadas. Antigas redes P2P como a Napster usavam software cliente e um servidor central. Redes posteriores como Kazaa e BitTorrent eliminavam o servidor central e dividiam as tarefas de compartilhamento entre vários computadores.
Assim, quando a Web 3.0 tornar-se uma P2P Network, reduziremos os intermediário no mundo da Web 3.0. Ou seja, não dependeremos mais dos gigantescos servidores de dados, controlados por uma empresa privada. Nossos dados pessoais estarão mais seguros.
“Semantic Web”
Do mesmo modo que a Web 1.0 e a Web 2.0 são chamadas de “Symple Web” e “web Social”, a Web 3.0 é conhecida como Semantic Web.
A Semantic Webé uma Web de dados. Há muitos dados que todos usamos todos os dias e não fazem parte da Web. Por exemplo, posso ver meus extratos bancários na web e minhas fotografias e posso ver meus compromissos em um calendário. Mas posso ver minhas fotos em um calendário para ver o que estava fazendo quando as levei? Posso ver linhas de extrato bancário em um calendário? Por que não? Porque não temos uma rede de dados. Porque os dados são controlados por aplicativos, e cada aplicativo mantém isso para si mesmo.
O objetivo da Web Semântica é, portanto, estender os princípios da Web de documentos para dados. Os dados deverão relacionar-se uns com os outros, permitindo que a Web 3.0 extraia seu conteúdo do comportamento humano.
Gráficos 3D
Ainda, identificar como componente da Web 3.0 o fato de seu conteúdo ser mais gráfico. Teremos mais vídeos e imagens que simples textos.
Em um futuro próximo, a AR – Augmented Reality (Realidade Aumentada) e o VR – Virtual Reality (Realidade Virtual) serão algo comum a todos. Teremos gráficos mais realistas e a aplicativos e games. Também, a impressão 3D não ficará restrita a laboratórios, ou corporações. Ela será acessível a qualquer pessoa, a um custo bem mais barato que o atual.
Alguns exemplos de aplicativos de web 3.0 que podemos citar são: o Filecoin.io, Storj (em oposição ao Google Drive, One Drive e Dropbox); o Experty.io (em oposição ao Skype), o Brave (em oposição ao Google Chrome). Haverão mais aplicativos que substituirão todos os grandes nomes de hoje. Tais aplicativos terão de combater atuais os líderes que dominam o mercado de modo monopolista.
Como é hoje
Após 30 anos de revolução na estrutura de dados da internet, ainda corremos no protocolo cliente-servidor. A arquitetura da internet não mudou muito, e ainda estamos em busca de uma internet verdadeiramente aberta e livre.
Uma das maiores falhas da Web 2.0 e da Web 1.0 é a arquitetura baseada em cliente / servidor. Isto é, todos os nossos dados pessoais na internet são armazenados em um computador com enorme capacidade de armazenamento. Todos os dados que transacionamos na Web estão sob domínio de países ou de empresas privadas.
Para compreender melhor, assista ao vídeo “How China Is Changing Your Internet“, publicado pelo “The New York Times”.
Ora, isto representa uma séria ameaça à nossa privacidade. No recente vazamento de dados ocorrido na maior rede social do mundo, isto ficou evidente. Está mais que comprovado que as gigantes da internet monitoram nossas vidas de várias maneiras.
Com a evolução da internet, podemos finalmente implantar as mudanças necessárias para alcançarmos uma Rede Mundial de Computadores realmente descentralizada.
Na Web 3.0, ninguém teria autoridade sobre nossos dados pessoais. Eles não ficariam armazenados em um servidor central. Ao contrário, estariam distribuídos por toda a rede sem a interferência dos intermediários tradicionais.
O futuro já está aqui — só ainda não está totalmente distribuído [2]
Hoje, já existem tecnologias disponíveis hoje que podem fazer isto acontecer, como as arquiteturas Blockchain [3].
Sistemas de nome de domínio descentralizado como BNS (usados por Blockstack), Namecoin, ENS (usados por Ethereum), e outros já estão disponíveis. Eles geralmente usam blockchains para construir um sistema global semelhante ao DNS de maneira totalmente descentralizada; nenhuma empresa pode censurar um site ou retirar a propriedade de um domínio.
Sistemas de armazenamento descentralizados como Gaia (usado por Blockstack), Swarm (usado por Ethereum), IPFS, Storj e outros distribuem dados em muitos nós pares e eliminam a dependência de qualquer empresa para servir conteúdo. Alguns sistemas, como o Gaia, redirecionam os provedores de armazenamento em nuvem existentes e oferecem desempenho comparável aos serviços existentes.
Criptografia aplicada existe há diversos anos e forma a base para muitos sistemas seguros e descentralizados. Mas foram os blockchains que ressuscitaram o interesse na criptografia. Com eles, tornou-se mais fácil usá-la, com interfaces mais amigáveis e gerenciamento de chaves privadas e software melhor projetados.
Conexões P2P existem desde 1990, e alcançaram certa popularidade com programas de compartilhamento como Tor Browser e BitTorrent. Contudo, foram as estruturas blockchain que elevaram tais conexões a outro nível. Só agora podemos avançar e descentralizar toda a estrutura de dados do atual sistema centralizado [4]
Também, novos navegadores com suporte blockchain como Brave, o Blockstack browser, Miste outros já estão disponíveis e suportam blockchains de várias maneiras. Brave permite pagamentos baseados em blockchain. O navegador Blockstack se conecta a uma nova Internet descentralizada.
Eis, portanto, a verdadeira beleza da arquitetura blockchain e sua importância: contribuir para a construção da Web 3.0. Uma nova internet, descentralizada, segura e preocupada com a proteção de dados.
Por fim, vale lembrar que a Web3 ainda está em fase de maturação [5]. Está, contudo, redesenhando a infraestrutura da internet (mudando o atributo cliente servidor), para empoderar novamente o ser humano.
Se o “Futuro já está aqui — só ainda mal distribuído” cabe à quem distribuir? Pois bem, garantir que esse futuro seja distribuído é a razão de ser do canal Holdx.tv. E tem mais, não basta seguir o Hype, é preciso garantir que novas ideias cheguem a você de forma cativante e inspiradora. Aguarde nosso lançamento oficial quinta-feira, 04 de Outubro. Holdx.tv, um novo produto do grupo Criptomoedas Fácil. Para compreender melhor, assista ao vídeo abaixo:
Sugestões e comentários são sempre bem-vindos. Nos encontramos em breve!
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Notas de Rodapé
[1]A missão do W3C é liderar a World Wide Web em todo o seu potencial, desenvolvendo protocolos e diretrizes que garantem o crescimento de longo prazo da Web.
[2] William Gibson(1993)[3]apesar de não ser a única por trás disso, e ainda não ser a ideal para armazenar uma grande quantidade de dados devido a problemas como escalabilidade.
[4]mesmo que o futuro seja mais descentralizado, isto não significa que esqueceremos completamente o sistema centralizado. Eles também têm vantagens e, em algumas situações, ainda podemos usá-los em favor das pessoas.
[5]a transição seria primeiro criar uma rede parcialmente descentralizada e depois converter totalmente em descentralização. No entanto, deve-se considerar que, embora mais seguros, são mais lentos que antes.
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Referencias
Anwar, Hasib. In:Web 3.0 Will Be Powered By Blockchain Technology Stack, Publicação 101 Blockchains
Muneeb Ali, Muneeb. In: Can’t be evil, Medium, 2017.
Technopedia Inc, In: Web Development, Publicação Technopedia.
The New York Times, In: How China is Changing Your Internet, Youtube, 2016.
Web Consortium, In: Semantic Web, Publicação W3C
Web Consortium, In: Architecture of the World Wide Web – Volume One, Publicação W3C