O CriptoFácil teve acesso exclusivo a novas informações sobre uma investigação iniciada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre possíveis crimes de lavagem de dinheiro que utilizam Bitcoin e outras criptomoedas.
A suspeita inicial do Coaf era sobre um montante de pouco mais de R$2 milhões, referente à uma pessoa não identificada. No entanto, em colaboração com a entidade, esta pessoa revelou que os valores teriam sido usados para aquisição de Bitcoin no período entre 2016 e 2017. Após esta revelação, o Coaf acionou a Polícia Civil de São Paulo que, com base no Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do órgão federal, iniciou um Inquérito Policial (IP) em uma importante exchange do Brasil.
O IP, por sua vez, identificou que outras pessoas podem ter cometido crimes de ocultação de bens e lavagem de dinheiro, tendo em vista que 90% do volume da exchange era executado por pessoas físicas, que somavam um montante de cerca de R$40 milhões. Por meio da Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Crimes de Lavagem ou Ocultação de bens ou Valores (DPPC), a Polícia Civil indica no IP o nome de 23 pessoas para serem analisadas por suspeitas de práticas ilícitas.
No entanto, o documento que o CriptoFácil teve acesso traz mais detalhes do processo e demonstra que o Inquérito Policial avançou e atingiu novas empresas de criptomoedas e, por consequência, novas pessoas entraram na lista da Polícia Civil de São Paulo, pois os valores encontrados também não estão compatíveis com aqueles informados pelas pessoas no Imposto de Renda. Algumas pessoas que a Polícia Civil identificou inclusive estão nos relatórios de todas as plataformas investigadas até o momento e com valores expressivos em todas elas.
Como a maioria das empresas é de São Paulo, o “centro” da investigação está concentrado na cidade, mas o caso já está na mão de outras delegacias de polícia do Brasil, nas respectivas cidades em que residem os investigados. Como cada delegacia tem uma estrutura e um corpo investigativo próprio, os levantamentos da Polícia Civil são feitos de forma e com tempo diferente. Inclusive, segundo informações, algumas delegacias estão tendo contato “pela primeira vez com o tema” e tendo que “correr” para entender o que são e como funcionam as operações com criptomoedas.
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Porém, em São Paulo, o caso vem avançando a cada dia e uma equipe foi designada exclusivamente para cuidar dos Inquéritos Policiais, pois cada pessoa e empresa têm um IP diferente, mas todos os IPs serão reportados para o Coaf. Em São Paulo, algumas das pessoas que estão sendo investigadas já foram chamadas para prestar alguns esclarecimentos e têm colaborado com as investigações, segundo levantou o CriptoFácil. No total, até o momento, cerca de quatro empresas brasileiras do mercado de criptomoedas estão sendo investigadas.
Com o acesso aos dados destas empresas, a investigação pode ganhar uma nova proporção, tendo em vista que mais de 50 pessoas agora estão sob suspeita e os valores ultrapassam a casa dos R$50 milhões.
Lembrando que um Inquérito Policial é, na verdade, um levantamento que a Polícia realiza sobre uma suspeita e não significa qualquer tipo de condenação ou processo judicial aberto. A investigação e o processo estão em andamento e não há previsão de conclusão dos trabalhos. No entanto, segundo a apuração, esta seria uma das maiores investigações em curso sobre lavagem de dinheiro com criptomoedas no Brasil.
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