Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para presidir o Banco Central do Brasil (Bacen), o economista Roberto Campos Neto mencionou em carta ao Senado que vai priorizar a inserção do Banco nas novas tecnologias e, entre elas, a blockchain.
Neto deve assumir a instituição em março, logo após os trâmites para sua aprovação como novo presidente do Bacen terem sido concluídos (sua indicação precisa ser aprovada pelo Senado). O economista tem passagem pelo Santander, no qual foi responsável pela tesouraria de toda a América Latina, cargo que, segundo ele na carta ao Senado, lhe permitiu iniciar um projeto global de inovação tecnológica, que culminou com a criação de um Banco Digital, o SuperDigital.
“Tenho estudado e me dedicado intensamente ao desenho de como será o sistema financeiro do futuro. Participei de estudos sobre blockchain e ativos digitais. Uma das contribuições que espero trazer para o Banco Central é preparar a instituição para o mercado futuro, em que as tecnologias avançam de forma exponencial, gerando transformações mais aceleradas”, afirmou segundo a Reuters.
O investimento em blockchain não é novidade no Banco Central, e embora tenha sido um crítico ferrenho ao Bitcoin, Ilan Goldfajn, atual presidente da instituição, apoiou e defendeu a utilização da tecnologia em processos do Bacen, inclusive a prova de conceito realizada junto a outros orgãos do governo segue ganhando notoriedade dentro do Governo Federal por facilitar a integração entre diferentes organismos federais.
Além de blockchain, outro ponto importante priorizado por Goldfajn, que terá uma atenção especial pelo novo presidente e já está no radar de empresários do universo cripto/blockchain no Brasil, é a implementação do pagamento instantâneo com transferências bancárias acontecendo em tempo real, além do funcionamento do open banking que dá aos clientes o poder de acesso e manipulação de dados bancários, abrindo espaço para maior concorrência no mercado de crédito e de pagamento (tal qual acontece com o Alipay e WechatPay na China).
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Por meio desta solução, os bancos deverão repensar totalmente seu modelo de negócio tendo em vista que podem ficar restritos à função de “guardião” do dinheiro dos clientes, sendo que todas as outras operações (pagamentos, saques, conversões, investimentos, entre outros) poderão ser feitas por um terceiro que também pode permitir conversão direta fiat-cripto e cripto-fiat, entre outros.
Sobre a atuação do Bacen, Neto defendeu as conquistas relativas ao controle inflacionário.
“Ressalto a importância da recente consolidação da inflação em torno da meta e da ancoragem das expectativas de inflação, o que permitiu a redução sustentável das taxas de juros e contribuiu para a recuperação da economia”, disse.
O economista afirmou ainda ter participado da formulação atual da política econômica e apontou “perfeita afinidade intelectual e moral com a equipe econômica”, chefiada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
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