No final de julho, o Irã anunciou que estava trabalhando em um projeto de criptomoeda estatal com o objetivo de evitar as sanções impostas pelos países ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos.
Pois hoje, exatamente um mês depois do anúncio de julho, o portal de notícias iraniano Financial Tribune (que publica notícias em inglês) afirmou que o governo do país teria finalizado um documento preliminar sobre a questão da criptomoeda no país, uma espécie de whitepaper.
De acordo com o Tribune, o documento preliminar foi elaborado por ordem do próprio presidente iraniano Hassan Rouhani. Em entrevista para outra mídia local, IBENA, Saeed Mahdiyoun, vice-diretor responsável pela elaboração de regulamentos para o Supremo Conselho do Ciberespaço do Irã, disse que o país está tomando medidas concretas para criar uma criptomoeda estatal. De acordo com Mahdiyoun, a autoridade do ciberespaço do país está na liderança desses esforços.
Regulamentações a caminho
Mahdiyoun também aproveitou o momento para afirmar que regulamentações mais claras para o mercado de criptoativos no país também são esperadas. Segundo ele, a maior parte das incertezas em torno das criptomoedas no Irã em breve será coisa do passado. Uma política definitiva sobre ativos digitais no país está prevista para antes do final de setembro de 2018.
No início do ano, o Banco Central do Irã proibiu os bancos comerciais de facilitar transações com criptomoedas. Essa proibição fazia parte de uma série de medidas tomadas pelo governo para estabilizar a situação cambial no país. Mesmo com a adoção de uma taxa de câmbio unitária, a moeda do Irã continuou a se desvalorizar à medida que as sanções econômicas começaram a prejudicar mais o país, cuja economia depende sensivelmente da exportação do petróleo.
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Enquanto o governo continua a considerar alternativas para contornar os problemas, os iranianos se anteciparam adotando o Bitcoin e outras criptomoedas: recentemente, surgiram relatos de que hotéis do país aceitam pagamentos com criptomoedas como uma maneira de contornar as restrições trazidas pelas sanções dos Estados Unidos.
O governo manteve uma retórica pouco consistente em relação ao tema – ora se mostrando receptivo ao sistema, ora impondo sanções e proibições a bancos e exchanges locais. No entanto, a única coisa que está clara é o fato de que o governo está definido para seguir os passos da Venezuela, ao criar uma criptomoeda nacional. E, agora, os planos estão começando a ser desenhados.
Os pagamentos em moeda virtual são processados por meio de uma blockchain descentralizada, sem a necessidade de intermediários, como bancos e câmaras de compensação. Uma criptomoeda emitida pelo Estado poderá, em teoria, permitir que o Irã contorne a rede bancária Swift e possa fazer negócios com outros países.
Recentemente, a Venezuela resolveu adotar uma criptomoeda estatal própria, o Petro. A adoção tem dois objetivos: evitar sanções norte-americanas (o mesmo caso do Irã) e, ao mesmo tempo, resolver a grave crise financeira do país, com uma inflação prevista para alcançar 1 milhão por cento em 2018.
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