Os investidores institucionais estão escolhendo os mercados de balcão (OTC, na sigla em inglês) ao invés das exchanges padrão para entrar no ecossistema do Bitcoin, revelou a agência de notícias Forbes.
O mercado de balcão negocia operações através de uma rede de revendedores privados, em oposição à uma exchange formal em que as contrapartes expõem suas ofertas à público. Isso permite que grandes investidores comprem um grande número de ativos sem alertar o mercado. O Bitcoin, cujo fornecimento é relativamente limitado e está disponível nas exchanges online, torna-se um candidato ideal para ser listado nos mercados de balcão.
Um investidor disposto a investir milhões de dólares em criptomoedas não pode simplesmente se inscrever em uma exchange aleatória e fazê-lo. As corretoras de Bitcoin não possuem infraestrutura, liquidez e tecnologia para executar ordens de grandes quantias. A exchange norte-americana Coinbase, por exemplo, permite que os traders comprem apenas US$25 mil em criptomoedas diariamente, mesmo sendo uma das principais exchanges de criptomoedas do mundo.
Os limites são visíveis em todas as exchanges formais. A Kraken nos EUA permite saques entre US$2.500 por dia e US$20.000 por mês. A Circle, outra exchange de criptomoedas dos EUA, impõe um limite de retirada de até US$3.000 por semana. Outras grandes exchanges por volume de negociação, como a Binance, são puramente criptografia-criptografia. Portanto, suas opções de liquidez vêm na forma de stablecoins, o que novamente é uma alternativa arriscada para os traders institucionais.
“Os grandes negócios têm que ir para o mercado de balcão. Muitas das exchanges limitam o tamanho do pedido, então você tem que dividir seus pedidos, e isso é fatal”, explicou Monica Summerville, diretora de pesquisa de tecnologia financeira da Tabb Group, do Reino Unido, para a Forbes.
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Summerville escreveu um relatório em abril que revelou que o volume do mercado de balcão havia ultrapassado US$12 bilhões globalmente. Ela descobriu que os números de OTC eram duas a três vezes maiores que os das exchanges de criptomoedas padrão. No entanto, acredita-se que muitas dessas exchanges formais tenham manipulado seus volumes na ausência de regulamentações mínimas. Portanto, a verdadeira natureza desses números de volume não pode ser verificada.
Os números de OTC, embora não visíveis na blockchain do Bitcoin, parecem incluir outros criptoativos também.
“Nossos relatórios são baseados em entrevistas e com participantes em mercados, cobrem mais do que o BTC e lembre-se de que nem todas as transações aparecem em blockchains públicas, uma vez que apenas mudanças líquidas em suas posições serão gravadas na blockchain pública”, explicou Summerville.
Enquanto os investidores institucionais continuam a migrar para o ecossistema das criptomoedas através dos mercados de balcão, como é evidente pelos volumes crescentes, a falta de infraestrutura robusta também torna a experiência desconfortável – e muitas vezes arriscada – como um todo.
Frank Wagner, sócio-fundador da INVAO, uma empresa de investimento habilitada com inteligência artificial, disse que os investidores institucionais e os comerciantes de Bitcoins estão estabelecendo operações nos canais Skype ou Telegram, o que não é exatamente uma maneira segura e eficaz.
“Pode ser uma razão que muitos investidores institucionais são dissuadidos de se envolver”, explicou ele.
Os mercados de criptomoedas de OTC também trazem riscos exclusivos, principalmente relacionados à conformidade. Regras anti-lavagem de dinheiro, por exemplo, afastam dinheiro sério de entrar no espaço das criptomoedas. Muitas instituições financeiras não acreditam em lidar sob a área cinzenta das leis relacionadas aos ativos digitais.
Então, há riscos de contraparte relacionados à fraude. Um revendedor pode desaparecer antes de entregar o token ao seu cliente quando o processo de depósito fiat já tiver sido iniciado. Como o acordo não acontece em tempo real, a insolvência se apresenta como o fator de risco mais significativo em negociações de criptomoedas em OTC.
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