De acordo com o jornal espanhol ABC, no início desta semana, 22 de julho, o governo da Venezuela passou a utilizar um engenhoso estratagema envolvendo Bitcoin e taxas fiscais para evitar as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos.
O jornal alega que as receitas fiscais em questão vieram do principal aeroporto do país, o Aeroporto Internacional de Maiquetia (IAIM), localizado perto de Caracas, capital do país. Os impostos foram coletados por meio de um sistema automatizado que funciona com um aplicativo chamado Jetman Pay.
Por meio desse esquema, o presidente do país Nicolás Maduro e membros de seu governo usavam uma carteira de Bitcoin para transformar as receitas fiscais de aeroportos domésticos em Bitcoin e outras criptomoedas. Essas, por sua vez, eram transferidas para exchanges localizadas em Hong Kong, Hungria, Rússia e China. Através das exchanges, os fundos eram convertidos e enviados de volta para a Venezuela.
Em um contrato, que supostamente ainda não foi assinado, o ABC afirma que o Jetman Pay seria usado para desafiar diretamente as sanções dos EUA. Sob o esquema, um avião aterrissaria no IAIM, no ponto em que transferiria moedas fiduciárias em troca de combustível. A PDVSA, companhia estatal de petróleo e gás natural da Venezuela, usaria o aplicativo para pagar impostos do governo e os valores seriam enviados ao exterior como criptomoedas.
O sistema automatizado tem sido usado no IAIM para a coleta de impostos aeroportuários desde fevereiro de 2018. A administração de Maduro está em negociações para expandir o uso do aplicativo, incluindo os recursos que coleta de reabastecimento de aviões que trafegam no aeroporto. Outros aeroportos do país podem receber o sistema.
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O esforço é o mais recente exemplo de como as sanções impostas pelo governo de Donald Trump à Venezuela no mercado internacional aberto forçou o governo do país latino-americano a olhar para as criptomoedas como uma maneira de livrar-se dessas limitações. A estratégia passou a ser cogitada por outros governos vítimas de sanções, como Rússia e Irã.
Ironicamente, não existem indícios de que Maduro expandiu o esquema para englobar o Petro, criptomoeda oficial da Venezuela endossada pessoalmente por ele.
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