O fundador e ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, foi preso, extraditado, pagou uma fiança recorde equivalente a R$ 1,2 bilhão e foi libertado. Mas novas revelações envolvendo o colapso de sua exchange de criptomoedas seguem acontecendo.
Conforme revelou a Bloomberg numa reportagem recente, SBF usou o polêmico token nativo da FTX, o FTT, para adquirir boa parte da plataforma de negociação de cripto Blockfolio em 2020. Mais precisamente, ele pagou 94% da empresa com o token FTT – que foi recentemente classificado pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) como um valor mobiliário. O valor da compra, na época, foi de US$ 84 milhões, ou seja, cerca de R$ 434 milhões na cotação atual em reais.
FTX compra Blockfolio ‘só’ com token FTT
De acordo com a reportagem, que citou documentos financeiros, a FTX obteve uma participação acionária de 52% na Blockfolio após a compra. A plataforma de negociação de cripto recebeu uma avaliação de quase US$ 160 milhões (R$ 826 milhões) na época.
Os detalhes sobre o acordo de compra da Blockfolio pela FTX não eram claros anteriormente. No entanto, na época, noticiou-se que a exchange havia pagado a compra com uma combinação de dinheiro, criptomoeda e ações.
Em fevereiro do ano passado, a Blockfolio foi alvo de um ataque hacker. Mas, ao contrário da maioria dos hacks que ocorrem na indústria cripto, o invasor não roubou dinheiro ou dados dos usuários. Em vez disso, obteve acesso ao sistema de mensagens da Blockfolio e enviou mensagens racistas e ofensivas por meio de notificação por push. Na época, o fundador da FTX, Sam Bankman-Fried, disse que todas as contas de negociação no aplicativo receberiam um presente de US$ 10 para compensar a inconveniência.
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora
O token FTT é parte central do colapso da FTX. Isso porque o CoinDesk revelou no início de novembro que o balanço patrimonial da empresa irmã da FTX, a Alameda Research, era composto basicamente pelo token.
Depois dessa revelação, o império cripto de Bankman-Fried se desintegrou e a FTX entrou com pedido de recuperação judicial naquele mesmo mês. Além disso, na mesma ocasião, Bankman-Fried entregou o cargo de CEO da exchange.
Agora, ele enfrenta acusações criminais nos EUA, incluindo fraude eletrônica, conspiração para cometer lavagem de dinheiro e violação das leis de financiamento de campanha.
- Leia também: Movimento das baleis de Bitcoin (BTC) atinge uma posição-chave; o que esperar para 2023?
SEC diz que FTT é valor mobiliário
Enquanto isso, a SEC classificou o FTT como um valor mobiliário. De acordo com o regulador, a FTX vendeu o token como um contrato de investimento, o que caracteriza o FTT como um “título”. Na denúncia, a SEC destacou que a FTX usou os recursos da venda de tokens para financiar o desenvolvimento, marketing, operações comerciais e crescimento da exchange. Ao mesmo tempo, a empresa enfatizava aos compradores que o FTT era um “investimento” com potencial de lucro.
Hoje, o token FTT custa cerca de R$ 5,11, de acordo com dados do CoinGecko. Este preço está 96% abaixo dos R$ 135 registrado e novembro, quando o colapso da FTX teve início.
Gráfico de preço do token FTT nos últimos três meses. Fonte: CoinGecko