A Ferrari, fabricante italiana que há décadas simboliza excelência automotiva e exclusividade, anunciou hoje uma ousada incursão no mundo das criptomoedas com o lançamento do “Token Ferrari 499P”. A iniciativa permitirá que um grupo seleto de 100 clientes participe do leilão do chassis #03 do Ferrari 499P – o veículo que conquistou três vitórias consecutivas nas 24 Horas de Le Mans entre 2023 e 2025.
Desenvolvido em parceria com a fintech italiana Conio, especializada em custódia de criptoativos, o token funcionará como credencial de acesso ao “Hyperclub”, comunidade digital restrita aos participantes do leilão. Cada token representa o direito de licitar pelo veículo histórico, com transações ocorrendo exclusivamente entre os detentores dos ativos digitais.
“Trata-se de fortalecer o sentimento de pertencimento entre nossos clientes mais fiéis”, explicou Enrico Galliera, Diretor de Marketing e Comercial da Ferrari, em entrevista exclusiva à Reuters.
O anúncio da Ferrari, no entanto, não se dá em um terreno inexplorado e evoca os espectros de iniciativas semelhantes que fracassaram nos últimos anos. Isso porque, em 2022, a Starbucks lançou um programa de NFTs, o “Odyssey”, com grande alarde. Porém, o programa foi descontinuado 18 meses depois, sem dar muitos detalhes sobre a decisão.
Também em 2022, o colapso da corretora de criptomoedas FTX levou ao fim prematuro e conturbado do seu contrato de naming rights para a arena do Miami Heat, manchando a relação entre o esporte e o setor.
Criptomoeda da Ferrari
Entretanto, a abordagem da Ferrari é difere em relação ao público alvo do projeto. Enquanto iniciativas anteriores buscavam massificação de seus projetos, o Hyperclub restringe-se a cem participantes selecionados, todos clientes de alto valor da marca. O ativo leiloado – um carro de corrida original – possui valor intrínseco independente do token.
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“O potencial de desenvolvimento é enorme”, disse Davide Rallo, estrategista-chefe de fintech e arquiteto do projeto da Conio.
A relação entre supercarros e criptomoedas remonta ao meme “When Lambo?” de 2018, que brincava com a ambição de todo investidor de criptomoedas de algum dia adquirir uma Lamborghini. Sites especializados chegaram a criar calculadoras que mostravam quantos Bitcoin seriam necessários para comprar cada modelo.
A Ferrari agora eleva esta conexão a um patamar institucional, utilizando tecnologia blockchain não como fim, mas como meio para criar experiências de propriedade exclusivas. A iniciativa coincide com o lançamento do primeiro veículo totalmente elétrico da marca, demonstrando sua estratégia dupla de inovar tecnologicamente enquanto preserva seu legado histórico.

