As mais recentes regras da União Europeia para combate a lavagem de dinheiro, conhecidas pela sigla AMLD5, aumentaram inesperadamente o interesse institucional em criptoativos. Essa é a opinião do Dr. Ulli Spankowski, executivo da subsidiária de criptoativos de Boerse Stuttgart, segunda maior bolsa de valores da Alemanha.
Durante sua fala na conferência CryptoCompare, realizada em Londres na terça-feira, 10 de março, Spankowski, admitiu ter ficado “surpreso” com o efeito positivo que a AMLD5 teve em atrair instituições financeiras tradicionais para o mercado de criptomoedas.
“Na verdade, eu não achava que algo iria acontecer porque os bancos e outras instituições financeiras já podiam fazer custódia de criptoativos [e] poderiam negociar com eles”, disse Spankowski. Mas desde que a lei entrou em vigor no início deste ano, “agora vemos muito interesse também dos investidores tradicionais”.
O AMLD5 tem um foco especial no setor de criptoativos. Ele exige que as empresas do setor que tenham suas atividades nos países membros da UE se registrem com os reguladores locais, introduzam práticas de identificação de cliente (KYC) e mantenham informações sobre a fonte de fundos dos clientes.
Algumas empresas anunciaram planos de deixar a jurisdição da UE logo após a entrada em vigor da diretiva, em janeiro. A exchange Deribit mudou-se da Holanda para o Panamá, reclamando que a AMLD5 colocou “barreiras muito altas” para a maioria de seus clientes. Uma semana depois, a exchange KyberSwap anunciou que estava se mudando de Malta para as Ilhas Virgens Britânicas.
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A Boerse Stuttgart listou produtos financeiros de criptoativos em sua principal plataforma de negociação, como uma exchange de Bitcoin e um serviço de custódia de criptoativos, mas só entrou totalmente no mercado em setembro, quando sua subsidiária, a Boerse Stuttgart Digital Exchange (BSDEX), lançou um par de negociação Bitcoin-euro.
“Aparentemente, os criptoativos não são tão ruins e ilegais agora. Se o regulador diz que você pode ter uma licença para trabalhar com eles, deve ser legítimo”, disse Spankowski. Com 120 clientes institucionais e um “relacionamento aberto” com o principal regulador financeiro alemão, a BSDEX agora pode atuar como um “gateway” confiável para a classe de criptoativos.
“Poderíamos ser os pioneiros na abertura do mercado [para criptoativos] … porque o setor financeiro tradicional já está conectado a nós em escala europeia. É aqui que pensamos que realmente é o nosso ponto ideal”, disse Spankowski.
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