O caso envolvendo a empresa brasileira MyAlice ganhou um novo – e nebuloso – contorno. O CriptoFácil anunciou com exclusividade a versão do ex-sócio Diego Vellasco sobre a venda e os problemas enfrentados pelos clientes. Na última semana, diversos deles relataram problemas ao tentarem fazer saques na plataforma da empresa.
E nesta segunda-feira, 10 de junho, outro ex-sócio da empresa se manifestou publicamente sobre o tema. Em um post no grupo Bitcoin Brasil no Facebook, Jean Kássio divulgou informações e áudios a respeito do caso para endossar a sua versão.
Ausência de informações
Inicialmente, Kássio afirmou que a cisão entre os sócios da empresa – incluindo um sócio que não foi identificado – começou após informações sobre o acesso dos fundos da empresa na exchange Binance não terem sido entregues por Vellasco.
“A questão toda iniciou-se quando as informações de acesso pedidas ao Diego Vellasco sobre a Binance não foram entregues desde o começo, impedindo que os sócios pudessem verificar os saldos e operações presentes nas contas, coisa esta que incessantemente estávamos pedindo. Também questionamos quanto ao modo de administração que estava sendo tomado, até que todos nós pressionamos para obter isso e modificar o rumo que as coisas estavam tomando, e dessa forma iniciou a discussão presente”, afirmou Kássio.
Outra informação divulgada pelo ex-sócio foi a respeito da entrega dos acessos às contas nas exchanges que, segundo Kássio, não foi feita.
“Desconfiamos que havia algo de errado quando ele (Vellasco) ficava de nos entregar acessos às exchanges e não cumpria com esse prometido, impedindo assim que eu pudesse criar uma função que buscava automaticamente as ordens executadas. Isso fez com que os operadores tivessem que subir as ordens manualmente por uma página que ele solicitou que fosse criada no início, a qual deveria ser temporária.”
Insolvência da plataforma
Kássio também afirmou que, após ser readmitido no grupo da empresa, Vellasco teria afirmado que a plataforma estava insolvente. Segundo ele, Vellasco afirmou que o saldo chegava a 100 Bitcoins perdidos.
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“Após certas discussões e a volta do Diego Vellasco para o grupo, soubemos por ele que havia insolvência de valores na plataforma, que a cada momento dizia-se ser um valor diferente (dito por ele no próximo vídeo ser aproximadamente 100 bitcoins de insolvência). Nossa preocupação no momento era que os clientes não fossem afetados e que pudéssemos procurar uma solução para que ninguém saísse com prejuízo, abrindo possibilidade até mesmo de vender cota societária para cobrir a insolvência”, afirmou.
Ele também relatou que os sócios resolveram abandonar a sociedade em protesto contra as ações de Vellasco e também por receio de represálias contra si mesmos e contra familiares.
“Todos os sócios decidiram se retirar da sociedade por conta de não entrar em acordo com as ações do Diego Vellasco, todos os sócios ficaram com medo de ir a publico com isso antes, porque colocaria em risco o capital dos clientes e a integridade e até mesmo a vida de cada um e de suas famílias. Depois de quase um mês nada foi solucionado, e isto nos fez tomar uma atitude mais extrema de vir a publico acerca dessa situação, e também nos fez temer que os clientes viessem a vias de fato contra os sócios.”
Possível transferência de responsabilidade
No entanto, a parte mais preocupante está em um dos áudios enviados por Kássio, no qual é aventada a possibilidade da venda da empresa para amenizar o prejuízo.
Em um áudio (que pode ser conferido abaixo), os sócios discutem essa possibilidade como forma de ganhar um tempo e fazer a reestruturação da empresa. Em um dos trechos, Vellasco afirma que já tem um comprador interessado.
“Um maluco que vai aceitar a p* toda. Vai ser feita uma suposta venda, o maluco vai assumir, até sábado vai travar uma conta e ele vai estar de frente segurando a p* toda”, afirma o áudio.
Em 24 de maio, conforme anunciado pelo CriptoFácil, a MyAlice foi vendida pouco mais de 24 horas antes do bloqueio das contas da empresa.
Responsabilidade solidária
Procurada pelo CriptoFácil, a advogada Gabriela Barreto explicou que, apesar da venda ter sido concluída, os ex-sócios ainda possuem responsabilidade sobre a companhia.
Pelo princípio da Responsabilidade Solidária, o atual proprietário precisa resolver o problema conjuntamente com o antigo proprietário. Embora os clientes agora sejam de responsabilidade do novo dono, se quem estava na posse de transações para esses bloqueios eram os antigos sócios, “eles possuem responsabilidade sobre os atos durante dois anos após a venda”, explicou.
Diego Vellasco, por sua vez, expôs recentemente, nesta manhã de segunda-feira, 10 de junho, seu posicionamento em relação ao caso em uma publicação no Facebook:
“Não vou me ausentar das redes. Como já ouviram nos áudios sobre a minha intenção de não causar nenhum prejuízo aos clientes extreme, fui mal orientado na tentativa de solução. Me mantenho trabalhando, e vou ligar a todos os clientes, expor os fatos e conversar sobre. Falta muita info ainda e sim será resolvido com cada cliente. Grato.”
Clique aqui para conferir o post original de Kássio e aqui para ter acesso aos arquivos e áudios do caso.
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