O doutor em economia José Roberto R. Afonso, que já foi superintendente do BNDES, publicou pelo próprio Banco de Desenvolvimento, um livro/artigo no qual destaca, entre outros, o potencial da tecnologia blockchain e defendeu a volta aos argumentos de John Maynard Keynes como forma de enfrentar os novos desafios da organização social, principalmente aqueles referentes à rede de proteção social aos trabalhadores.
Segundo Afonso:
“A rede de proteção social aos trabalhadores, vigente desde meados do século passado, girava em torno do emprego. Os salários são o referencial, seja para cobrança de contribuições sociais, seja para pagamento de benefícios, como seguro-desemprego e aposentadoria. Essa construção será abalada pela revolução econômica e social, que passará pela automação do processo de trabalho e a expansão do trabalho independente. Trabalho não mais será sinônimo apenas de emprego e será preciso refazer o pacto social brasileiro. Um dos eixos dessa mudança estrutural no Brasil passará pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e pelo BNDES, de modo que o amparo ao trabalhador deverá assumir outras formas que não apenas a carteira assinada, além de revisitar o esquema de financiamento aos investimentos.”
Para o economista, a tecnologia blockchain vai mudar totalmente a forma como o dinheiro circula e é armazenado e com isso, ao mudar as aplicações financeiras e a forma de usar o dinheiro, seu impacto será radical na sociedade.
“Da blockchain ao celular, [a tecnologia] mudará radicalmente a forma de deter moeda, de fazer pagamentos, de fazer aplicações financeiras, enfim, de usar o dinheiro. A concorrência finalmente chegará ao concentrado mercado bancário brasileiro não apenas por novos agentes financeiros, como fintech, mas por outros entes que não são financeiros e por outros países – em comum, fugirão da clássica regulação e supervisão pelo banco central. O capital de giro também passará
a ser fornecido aos produtores de bens pelos gigantes do comércio eletrônico”, destaca o economista.
A blockchain tem atraído cada vez mais atenção de legisladores e reguladores no Brasil, que estão de olho em seu potencial em transformar não só o sistema financeiro mas a própria organização social. Como mostrou o CriptoFácil, o Senador José Serra destacou a importância da blockchain e, usando a tecnologia como justificativa, pediu mudanças na Medida Provisória “do Livre Comércio” proposta pelo presidente Jair Bolsonaro e, na Câmara dos Deputados, parlamentares têm feito requerimentos sobre a tecnologia.
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Recentemente, o novo presidente do Joaquim Levy (que já foi ministro da Casa Civil no governo Dilma) declarou que a blockchain tem um potencial disruptivo capaz de transformar a vida das pessoas e também reforçou que a tecnologia é parte dos projetos da instituição, como o BNDES Token.
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