Um reportagem da Coindesk revelou que o jovem de 20 anos Alexey Andryunin é especialista em fraudar volume de negociação de criptomoedas visando, entre outros objetivos, tornar o projeto “apto” a figurar na ferramenta Coinmarketcap. Andryunin tem até uma empresa fundada especialmente para este “serviço”, a Gotbit, que programa robôs para simular negociações entre exchanges destinado a “inflar” o volume de um determinado token a ponto deste volume ser suficiente para atender os requisitos de listagem.
Segundo a reportagem, Andryunin começou a Gotbit com um companheiro de graduação em 2018, enquanto ofertas iniciais de moeda (ICOs) ainda estavam em voga. Seu parceiro codifica os robôs comerciais enquanto Andryunin busca projetos para vender os serviços de “criação de mercado” da Gotbit. Listagem em uma pequena exchange custa US$8.000 em mês de suporte a volumes de negociação falsos por meio de algoritmos que imitam atividades normais do mercado custa US$6.000.
Obter listagem do token na Coinmarketcap custa US$15.000, afinal, para conseguir isso, primeiro um projeto precisa ser listado em duas pequenas exchanges. “Essas plataformas morreriam sem volume artificial”, acredita Andryunin. Um sinal revelador é que as criptomoedas pouco conhecidas negociam nessas exchanges muito mais ativamente do que o Bitcoin, a criptomoeda líder do mercado.
As exchanges geralmente sabem quando os robôs da Gotbit estão inflando os volumes de altcoins, acredita Andryunin, mas os números mais altos são do próprio interesse dessas exchanges que, segundo um relatório recente, também podem ter volume real de negociação zero, ou seja, todo o volume do livro pode ser falso e inflado por meio de robôs.
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“Essas pequenas exchanges, eu nem entendo o que elas estão vivendo, não há volumes reais lá”, disse Andryunin.
Depois que um token é listado em duas exchanges e mostra alguma atividade de negociação fornecida por robôs – o volume pode ser inferior a US$100.000 por dia por exchange – há uma chance de listá-lo na Coinmarketcap. A partir daí, a Gotbit está fora de cena, de acordo com Andryunin, que disse que outros intermediários ajudam a realizar o último passo.
Exatamente como eles fazem isso, ele não sabe. Mas isso é feito e ele confirma:
“Nossos clientes estão em 300-500 posições na Coinmarketcap.”
Carylyne Chan, chefe de marketing da Coinmarketcap, disse à CoinDesk que, para ser listado no site, um token deve satisfazer um conjunto de critérios, incluindo o uso de tecnologia blockchain, ter um site em funcionamento, ser listado em duas trocas que são, por sua vez, listadas na Coinmarketcap e fornecer uma linha direta de comunicação com um representante do projeto.
Questionado se é possível enganar o sistema inflando o volume, Chan disse:
“Nossa postura é listar o maior número possível de criptomoedas, cobrindo o universo de criptoativos ao longo do tempo. Nós não estamos no negócio de censurar informações”. A CoinMarketCap também sinaliza projetos com atividades suspeitas em seu site, acrescentou, “com base em circulares regulatórias ou informações enviadas pelos usuários.”
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