Nesta semana, começou a reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. E dois temas chamaram muita atenção. Em primeiro lugar, as discussões em torno da inteligência artificial e o programa ChatGPT. O segundo tema é a demanda por regulamentações de criptomoedas.
Com a presença de reguladores, banqueiros e autoridades governamentais, as criptomoedas estiveram entre as pautas dos últimos dias. Nesse sentido, todos os governos clamaram pela regulamentação do que chamaram de “setor não bancário”.
O primeiro debate nesse sentido ocorreu entre o ministro sênior Tharman Shanmugaratnam, de Cingapura, e François Villeroy de Galhau, membro do Conselho de Administração do Banco Central Europeu (BCE). Ambos enfatizaram a necessidade da regulamentação durante um painel de discussão sobre as dificuldades enfrentadas pelos bancos.
Em seguida, o presidente do UBS Group AG, Colm Kelleher, também pediu por regras. De acordo com Kelleher, os reguladores haviam “tirado os olhos da bola com relação ao setor não bancário”, permitindo o desenvolvimento de fraudes sem qualquer supervisão.
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Demanda por regulamentação
Villeroy reagiu, citando casos recentes de instabilidade financeira no mercado tradicional, como o desempenho dos fundos de pensão do Reino Unido. Segundo o francês, o colapso ocorreu devido a investimentos movidos a passivos e o fim do Sam’s Club.
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Em outras palavras, Villeroy quis dizer que os bancos são os mais desafiadores nos tempos de hoje. Mas também alertou para instituições financeiras que não estão ligadas ao setor bancário. Afinal, de acordo com o conselheiro, essas instituições financeiras ainda não estão sob regras claras.
Para o francês, o cenário financeiro passa por mudanças e exige uma ação rápida dos governos no sentido de criar uma regulamentação não bancária. E, naturalmente, Villeroy afirmou que isso deve começar pelas criptomoedas.
Já Tharman decidiu focar no combate a crimes como o objetivo da regulamentação. Por exemplo, o ministro disse que não faz diferença se a empresa atua no setor financeiro regular ou criptomoeda, mas que é preciso obedecer regras básicas para evitar crimes como lavagem de dinheiro.
Blockchain é “imparável”
Por fim, o presidente do UBS reafirmou um sentimento expresso com frequência por executivos de instituições bancárias tradicionais e empresas de criptomoedas. E tal pensamento se resume na seguinte frase: “se não pode vencê-los, junte-se a eles”.
Kelleher ressaltou que não adianta tentar brigar com as criptomoedas e a blockchain, que ele chamou de tecnologia “imparável”. O executivo até citou que parte dos clientes do UBS quer investir em tokens digitais.
“Estamos em busca de uma estrutura regulatória que nos permita acomodá-la para nossos clientes”, afirmou Kelleher.
No entanto, o executivo alertou sobre o desafio atual de garantir a conformidade com as leis e políticas relacionadas aos padrões KYC (conheça seu cliente) e regras de combate a lavagem de dinheiro. Na sua visão, a regulamentação do setor deve aliar proteção aos investidores e liberdade de inovação.