O Deputado norte-americano Warren Davidson do partido Republicano trouxe uma crítica diferente ao debate sobre a Libra do Facebook. Durante uma entrevista, Davidson afirmou que o Facebook deveria adicionar o Bitcoin à sua carteira Calibra, pois esta seria uma “ideia muito melhor” do que criar sua nova criptomoeda.
Davidson fez a afirmação durante um programa do podcast Noded Bitcoin na última sexta-feira, 11 de outubro. Além disso, o congressista disse que “parte da beleza” da repercussão em torno da stablecoin é que isso ajudou a cristalizar todos os problemas que já existem na plataforma de mídia social.
“Queremos transações filtradas ou liberdade?”
Davidson argumentou que as audiências sobre a Libra no Congresso em julho aumentaram a intensa pressão que o Facebook já está sofrendo, observando que “muitas das perguntas nem sequer eram sobre a Libra”. Ele disse que a tentativa do Facebook em lançar uma criptomoeda própria serviu para intensificar o foco em muitas das operações existentes da plataforma – e em seus problemas.
“O Facebook já filtra o conteúdo – algumas pessoas dizem que possui viés, outras dizem que é ótimo, estão protegendo meu espaço seguro. Então, queremos discursos filtrados ou liberdade de expressão? Queremos transações filtradas ou liberdade?”, questionou o Deputado.
O apresentador do podcast Pierre Rochard argumentou que as audiências no Congresso se transformaram em um veículo através do qual os observadores – muitos deles oriundos do setor financeiro tradicional – conseguiram entender melhor o Bitcoin ao perceber os problemas inerentes à uma criptomoeda centralizada como a Libra.
Davidson concordou com Rochard, mas também observou que, para aqueles convencidos da necessidade de autoridades centrais como administradores das finanças globais, as audiências apenas cimentaram seu antagonismo em relação a blockchains e criptomoedas descentralizadas, e intensificaram seu desejo de reprimir o mercado de forma mais ampla.
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora
A Libra, como meio de pagamento, poderia sem dúvida desestabilizar o status quo, disse Davidson, apontando para a fluidez com que gigantes que monopolizam o mercado de tecnologia, como o Facebook e o Google, começam a adquirir propriedades quase soberanas, desafiando a autoridade dos governos.
Libra chama atenção para falhas do Facebook
Durante as audiências do Congresso dedicadas à Libra em julho deste ano, a representante dos EUA Maxine Waters – presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos – fez a conexão explícita entre as preocupações levantadas durante as atividades controversas do Facebook e a tentativa da empresa em lançar uma stablecoin.
Waters já havia solicitado que o Facebook parasse de trabalhar com a Libra em meados de junho, logo após a inauguração do projeto. Ela argumentou que a gigante da tecnologia tinha um “padrão de não manter os dados dos consumidores seguros” e que “permitia que atores estatais russos maliciosos comprassem e direcionassem anúncios” para – supostamente – influenciar as eleições presidenciais dos EUA em 2016.
Os legisladores dos EUA também perguntaram claramente ao Facebook como eles poderiam confiar em uma empresa cuja coleta, armazenamento e uso indevido de dados de clientes causaram uma multa de US$5 bilhões.
Leia também: Facebook é acusado de plagiar logotipo da Libra