O Criptomoedas Fácil identificou que diversos deputados estaduais e federais eleitos (e reeleitos) possuem alguma relação com o ecossistema das criptomoedas ou blockchain, seja por terem declarado à justiça eleitoral a posse de criptomoedas, ou por em algum momento terem se posicionado favoráveis à este ecossistema.
Para entender melhor o posicionamento desses representantes, conversamos com exclusividade com o deputado estadual Fábio Ostermann, eleito pelo partido NOVO no estado do Rio Grande do Sul, que afirmou que será um defensor das criptomoedas no legislativo estadual. Confira a entrevista!
Criptomoedas Fácil: Como você conheceu o Bitcoin e qual foi seu primeiro contato com a tecnologia?
Fábio Ostermann: Eu sou um early adopter e devo ter sido uma da primeiras pessoas a ingressar neste ecossistema no Brasil, isso tudo por conta de meu envolvimento com o meio liberal libertário e, desde o primeiro momento fiquei fascinado com a tecnologia e com sua forma descentralizada e não governamental de se ter uma oferta monetária que possibilitasse a interação p2p direta, sem intermediários.
CF: Qual o impacto que a tecnologia das criptomoedas e da blockchain pode ter na sociedade em sua opinião?
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FO: Eu acho que nós ainda estamos começando a tatear as possibilidades que as tecnologias de criptomoedas e blockchain especificamente podem trazer para a sociedade, como elas podem revolucionar aplicações e criar mais transparência e mais accountability governamental e mesmo nas relações não governamentais. Tudo isso porque a blockchain amplia as possibilidades de transação, reduz custos e até as ‘burocracias ‘ que estão envolvidas nos grandes arranjos institucionais, podem ser feitos de maneira descentralizada por meio da relação de confiança (DLT) em meio a uma comunidade descentralizada
CF: Como você pretende defender, de alguma forma, a integração do ecossistema das criptomoedas e da blockchain no Estado?
FO: Sem dúvidas eu pretendo defender e mais do que isso entender melhor de que forma o ecossistema baseado em blockchain pode ajudar o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e a Assembleia Legislativa e outros poderes a estruturarem melhor os seus serviços e ofertarem à população, de forma transparente, maiores informações sobre o que se faz e o que não se faz nas esfera públicas.
CF: O Rio Grande do Sul é considerado um Estado muito propenso à inovação. Você acredita que como deputado poderá ajudar o Governo do Estado a pautar políticas de incentivo à industria de blockchain no Rio Grande do Sul?
FO: Eu acho que neste aspecto o melhor que um Deputado Estadual pode fazer é trabalhar para remover barreiras na adoção de tecnologias e remover barreiras ao desenvolvimento de espaços propícios a adoção de tecnologias seja no aparato Estatal ou mesmo fora dele.
CF: O Criptomoedas Fácil mapeou que cerca de 10 deputados (sendo 7 deles federais) “amigáveis” às criptomoedas foram eleitos no Brasil. Como você acredita que pode auxiliar nos debates sobre a regulamentação do setor a nível Federal?
FO: Eu vejo com muito bons olhos o desenvolvimento e a maturação de uma bancada da liberdade no Brasil hoje e certamente a defesa da liberdade monetária tem espaço destacado nisso. Apesar de não estar no meu rol de atribuições lidar com questão de politicas monetárias, acho que os Deputados Estaduais terão um papel simbólico muito forte e também claro de avanço da agenda política trazendo aos debates públicos a questões como: “Olha nos precisamos abrir o mercado monetário para novas possibilidades”. Precisamos entender que moeda também é uma commodity e, como tal, tem sua oferta e demanda de acordo com a flutuação do mercado. Então não tem porque a gente aceitar tão passivamente que haja um monopólio governamental sobre a oferta e gestão da moeda. Nós precisamos ter uma descentralização deste mercado e acho que os próximos 4 anos serão importantíssimos para que possamos avançar no debate sobro tema e trazer também mais luz sobre o debate para que o mercado de criptomoedas não seja mal compreendido e seja tido simplesmente como um grupo de pessoas que só querem lavar dinheiro.
CF: Como você vê a atuação das duas principais associações (ABCB e ABCripto) do setor que vêm buscando, junto a instituições e reguladores, a regulamentação deste ecossistema?
FO: Eu acho importantíssimo que tenhamos entidades que sejam focadas em gerar uma maior conscientização no ambiente público a respeito do potencial e das necessidades de liberdade no âmbito das criptomoedas mas sempre tendo em mente o fato de que a gente precisa ter uma abertura de mercado. Essas instituições têm focado sua atuação nisso e é importante que isso aconteça e prossiga. É importante garantir a liberdade de todos as atores, sejam eles associados ou não, sejam eles novos entrantes ou não. Para que possamos ter um mercado realmente livre e um setor em desenvolvimento, em uma ordem espontânea e não em uma ordem dirigida por aqueles que detém o poder político.