Um relatório do Banco de Compensações Internacionais (BIS) concluiu que as criptomoedas não podem cumprir o papel do dinheiro.
As alegações foram feitas com base em “fragmentações” da blockchain, que seriam a criação de outras redes com menores custos de transações.
Publicado nesta terça-feira (7), o documento expressa a opinião de economistas do BIS.
“A fragmentação significa que a criptomoeda não pode cumprir o papel social do dinheiro”, concluiu o relatório.
Funcionalidade limitada
Em suas conclusões, o banco cita o caso as blockchains não permissionadas. Nessas redes, se pode fazer transações e consultar o histórico da rede sem precisar de uma autorização.
Conforme explicam os economistas do BIS, essas redes funcionam fornecendo incentivos para validadores em forma de ativos digitais. Mas, para alcançar essas recompensas altas, o número de transações por bloco é limitado.
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Assim, conforme as transações chegam a esse limite, o congestionamento aumenta os custos.
“Embora o congestionamento e as altas taxas sejam necessários para incentivar os validadores, os usuários são induzidos a procurar cadeias alternativas. Isso leva a um sistema de blockchains paralelos que não pode aproveitar os efeitos da rede, levantando preocupações sobre a governança e a segurança de todo o sistema”, diz o BIS
O texto, então, faz uma comparação do mercado cripto com o tradicional. Por exemplo, no tradicional, quanto mais usuários migram para uma plataforma, mais atraente ela se torna para todos. Isso resulta na redução de custos, na melhora do serviço e na inclusão financeira, diz o BIS.
Por outro lado, em cripto, quanto mais pessoas usam uma rede, mais sobrecarregada ela se torna. Assim, os custos aumentam para todos.
O BIS destaca que os picos nos preços do gás em ETH, por exemplo, resultam no crescimento de protocolos tais como Avalanche, Binance e Solana.
Problemas das blockchains
O artigo também ressalta que as redes mais novas têm maior capacidade. Contudo, têm maior centralização e segurança mais fraca.
Além disso, o BIS afirma que as diferenças no design das blockchains impedem a interoperabilidade. Ou seja, a capacidade de protocolos e validadores de acessar e compartilhar informações em diferentes redes.
“A escalabilidade limitada e a falta de interoperabilidade não apenas impedem que os efeitos da rede criem raízes, mas um sistema de blockchains paralelos também aumenta os riscos de governança e segurança”, diz o relatório.
Por fim, o texto ressalta que essas condições implicam que os ativos digitais não podem cumprir o papel do dinheiro.
O BIS justifica que, no caso do dinheiro, quanto mais as pessoas o usam, mais as outras pessoas se dispõem a fazê-lo.
Já no caso das blockchains, quanto mais um usuário faz transações, mais ele congestiona o sistema. Assim, maiores ficam as taxas para todos.
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