A inflação dos produtos de construção civil, medida pelo Índice de Preços ao Produtor-10 (IPA-10), atingiu 38,66% nos últimos 12 meses. O aumento foi maior já registrado na história do Plano Real.
Ele também foi o maio índice de inflação registrado desde a criação do IPA-10, em 1993. Já o preço de materiais dentro do Índice Nacional da Construção Civil (INCC) disparou 30,86%, um novo recorde.
Maior peso nos índices gerais
Segundo especialistas ouvidos pelo Valor Econômico, o custo de materiais foi o maior crescimento dentro do IPA-10 quanto do INCC. Consequentemente, eles ajudaram a elevar os índices como um todo.
Até maio, o INCC-10 acumula alta de 13,49% em 12 meses. Já o IGP-10 disparou 35,9% no mesmo período.
Na visão do mercado, o Brasil vive uma “tempestade perfeita” que ajuda a elevar os preços. Entre os componentes deste fenômeno destacam-se os seguintes:
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- Disparada de preços de commodities minerais e metálicas usadas no setor;
- Cotação do dólar ainda bastante elevada;
- Aumento de demanda por projetos residenciais, que aumentaram a procura de material;
- Alta em preço de fretes;
- Dificuldades em importação de itens usados no setor, o que encareceu a oferta interna.
Outro aspecto é a vacinação contra a Covid-19, que tem acelerado em países como os Estados Unidos. A perspectiva de recuperação econômica pós-pandemia ajuda a elevar a demanda. E aí vem o impacto no preço das commodities.
Não é coincidência que as empresas de commodities apresentaram fortes ganhos no ano. As ações da Vale (VALE3), por exemplo, já acumulam alta superior a 30% em 2021.
Situação inédita
Para muitos empresários, a atual situação não tem precedentes. Para Flávio Paiva, CEO da empresa de válvulas e conexões de ferro IPC Brasil, não se trata de um comportamento típico dos ciclos.
“Observo comportamento fora do normal no que concerne a aumento de preços. Em 25 anos de atuação no setor, nunca vi explosão de custos como a atual”, alertou.
Este cenário impacta o mercado imobiliário como um todo. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgou uma queda de dois dígitos no lançamento de novos projetos residenciais no primeiro trimestre do ano. A comparação é com o quarto trimestre de 2020.
Segundo o presidente da CBIC, José Carlos Martins, parte dessa queda tem relação com os custos. Temendo novos aumentos, as empresas decidiram paralisar os projetos mesmo com a alta demanda. E não há qualquer sinal de até onde o aumento chegará em 2021.
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