Nesta terça-feira, 16 de julho, o Facebook voltou a encarar uma sabatina de perguntas. David Marcus, líder de blockchain da empresa, foi interrogado exaustivamente pelos senadores a respeito do projeto Libra.
O CriptoFácil listou os principais destaques da audiência: a afirmação de Marcus de que o Facebook colaborará com as autoridades financeiras dos EUA e a confiança do executivo no projeto Libra, a ponto de arriscar seu próprio contracheque. Confira!
Combate à lavagem de dinheiro e colaboração com as autoridades
David Marcus destacou a intenção do Facebook de colocar a Libra em conformidade com a Rede de Repressão aos Crimes Financeiros dos Estados Unidos (FinCEN).
A resposta foi dada a um questionamento do senador Cortez Masto que perguntou a Marcus como o Facebook garantirá que a Libra não será usada para cometer crimes. Marcus respondeu que “isso é algo que me interessa profundamente, e pessoalmente”. O executivo acrescentou que a empresa terá um programa de combate à lavagem de dinheiro, reiterando o compromisso do Facebook em colaborar com a FinCEN.
Marcus afirmou que “a Calibra terá baixo custo e será acessível, além de segura” e obedecerá às regras da FinCEN e aos regulamentos estaduais. De acordo com Marcus, a Libra Corporation, empresa aberta para gerir o projeto, se filiará à FinCEN, apesar da empresa estar registrada na Suíça e portanto desobrigada de fazê-lo.
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Recebendo o salário em Libra
Marcus resolveu deixar firme a sua confiança no sucesso da Libra. Ao ser perguntado pelo senador Sherrod Brown (D-Ohio) se ele confiava na Libra o suficiente para colocar a pele em jogo, o executivo disse aos parlamentares que estaria disposto a aceitar receber 100% de seu salário em Libra pois confia na ideia.
“Você (Marcus) realmente acha que as pessoas deveriam confiar ao Facebook seu dinheiro suado; eu acho que isso é delirante”, disse Brown, depois de enumerar uma lista de abusos de privacidade do Facebook. Ele então fez a pergunta:
“Você aceitaria receber toda a sua remuneração nessa nova moeda?”
Marcus inicialmente se esquivou da questão, afirmando que a Libra “não foi concebida como um substituta para contas bancárias”. No entanto, Brown o pressionou e o executivo do Facebook disse que:
“Confiaria todos os meus ativos em Libra – sim, eu receberia meu salário em Libra.”
Somente depois que o legislador o pressionou e perguntou especificamente sobre seu salário, Marcus respondeu afirmativamente, dizendo:
“Eu faria, porque a Libra possui lastro de 1 para 1 com suas reservas.”
Risco de monetização e fama do Facebook
Pelo menos três senadores utilizaram o passado controverso do Facebook para questionar a intenção da empresa por trás da Libra.
A senadora Martha McSally questionou a privacidade da Libra e levantou preocupações sobre os dados.
“Por que os legisladores deveriam continuar confiando na plataforma, tendo em vista seu histórico de falha, violação, engano e mau uso de dados no passado?”
O senador John Kennedy complementou a declaração de McSally com uma pergunta:
“Se a Libra tiver uma grande adesão e, digamos, 200 milhões de pessoas a usarem, alguém terá acesso a todos esses dados. Você está me dizendo que ninguém na Associação Libra vai tentar monetizar esses dados?”
Já o senador Brian Schatz questionou as intenções da empresa em ser pioneira nesse mercado. Após o executivo ressaltar que a Libra era importante para evitar que os EUA fiquem para trás na revolução blockchain, Schatz afirmou que não questionava a criptomoeda em si, mas sim as intenções do Facebook em utilizar esta tecnologia.
“Você está defendendo as criptomoedas em geral. … A questão não é: ‘Os EUA devem liderar isso?’, mas sim: por que o Facebook? Por que de todas as empresas, nos últimos anos, o Facebook deveria fazer isso?”, questionou Schatz.
Pelo que podemos ver, a grande preocupação dos senadores é com o histórico de falhas e mau uso de dados por parte do Facebook. Os escândalos de privacidade de dados e interferência eleitoral resultaram em uma multa de US$5 bilhões pela Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC). O valor é uma das maiores multas aplicadas pelo órgão, só perdendo para os US$10 bilhões negociados com a Volkswagen em 2016 por conta do escândalo das fraudes envolvendo testes de emissão de poluentes.
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