2019 foi um ano especial para os entusiastas da grande criação de Satoshi Nakamoto. Os 10 anos do Bitcoin marcaram os 10 anos do surgimento de um novo e revolucionário mercado financeiro, por meio dos chamados criptoativos.
Ao longo desse período, a tecnologia evoluiu de maneira praticamente exponencial. Com isso, muitas pessoas já chegaram a dar o Bitcoin como “ultrapassado”, “inviável” e diversos outros adjetivos negativos. A evolução dos criptoativos fez surgir vários projetos que se vendiam como “o novo Bitcoin” ou “melhor do que o Bitcoin”.
A despeito da inovação, o Bitcoin se manteve resiliente. Mais do que isso: lidera a participação no mercado de criptoativos sem nunca, em 10 anos, ter perdido sua liderança. Por isso, hoje trazemos 10 características que contribuíram para manter o Bitcoin na liderança dos criptoativos – hoje, com mais força do que nunca.
Política monetária imutável
Pense num governo. A cada quatro anos, no mínimo, o país se mantém em alerta sobre a possibilidade de mudanças na política econômica local, as quais dependerão do candidato que vencer as eleições. Esse alerta é um dos responsáveis por gerar instabilidades financeiras em períodos de campanha eleitoral.
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Com o Bitcoin, tal instabilidade é improvável de acontecer. O criptoativo possui uma política de inflação e emissão de novos bitcoins extremamente rígida – mais até do que a do ouro – e previsível. A taxa de inflação do Bitcoin na próxima década pode ser consultada por qualquer pessoa hoje mesmo.
A sua escassez natural também é uma grande vantagem, como veremos nos dois itens seguintes.
Escassez digital
Imagine que você envie uma foto para determinada pessoa. Ao fazer isso, a foto enviada não deixa de ser sua propriedade: você mantém consigo uma cópia da mesma foto e pode enviá-la para outra pessoa.
Essa ausência de escassez digital é um dos principais fatores que tornam possíveis a disseminação de conteúdos como vídeos, músicas. No entanto, trata-se de uma péssima barreira que impedia a criação de um dinheiro totalmente digital. Afinal de contas, um dinheiro que pudesse ser enviado e continuasse em posse do usuário não teria qualquer valor.
O Bitcoin resolveu esse problema, o problema do gasto duplo. Com o seu surgimento, Satoshi Nakamoto criou, pela primeira vez na história, um ativo digital que possuía a mesma escassez que bens no mundo físico. Com isso, ele criou as bases para o surgimento de um dinheiro digital válido, que se manteve assim pelos últimos 10 anos.
Escassez absoluta
O Bitcoin não apenas criou o conceito de escassez digital; ele também é escasso por natureza.
Em seu whitepaper, Satoshi definiu que seriam emitidas apenas 21 milhões de unidades de Bitcoin. Com isso, ele definiu a quantidade exata do criptoativo. Sua oferta está dada, e não pode ser modificada por nenhuma pessoa ou grupo de pessoas.
Ao fornecer previsibilidade e escassez digital, Satoshi deu ao Bitcoin a possibilidade de se tornar um poderoso ativo de reserva de valor, exatamente como o ouro.
Sistema de liquidação global
Quem vê o Bitcoin apenas como uma criptomoeda corre o risco de analisá-lo de forma incompleta. Um dos grandes valores do Bitcoin está em seu sistema completo, incluindo a tão falada tecnologia blockchain.
Antes de ser uma criptomoeda, o Bitcoin deve ser entendido como um sistema de pagamentos que funciona em nível global. Não existem barreiras, fronteiras ou impostos em seu uso. Tampouco existe “horário comercial”, visto que a rede do Bitcoin funciona 24 horas durante 7 dias da semana. Alguém que deseja realizar um pagamento dos Estados Unidos para a Austrália num domingo à noite pode fazer isso com poucos cliques.
Se não existe limite de tempo, o mesmo se aplica aos montantes que podem ser enviados. Não importa se a sua transação é de US$1 mil ou US$1 bilhão, ela pode ser enviada com a mesma facilidade e custos irrisórios. O Bitcoin, sob essa ótica, pode ser considerado o sistema mais rápido, seguro e barato de compensação de pagamentos em todo o mundo.
Rede autossoberana
Uma das maiores críticas que o Bitcoin costuma receber é o fato de não ser vinculada a nenhum país. Esse, na verdade, é um dos seus principais pontos fortes, e é justamente uma das características que fazem dele líder do mercado até hoje.
Embora possua um criador, o Bitcoin não tem dono. Satoshi Nakamoto se recolheu para o anonimato há quase 10 anos. Desde então, o Bitcoin tem sido cuidado pelos desenvolvedores do Bitcoin Core e pelos participantes do mercado (full nodes, mineradores e investidores). Todos trabalharam em conjunto para manter a rede funcionando, mas ninguém detém seu controle.
Além disso, a rede do Bitcoin é bastante democrática. Qualquer pessoa pode usar um computador e participar da rede como um full node ou como minerador – embora este último requeira um investimento consideravelmente maior.
Muitos grupos tentaram obter controle sobre o Bitcoin. A grande maioria desistiu e resolveu criar suas próprias criptomoedas. Muitas delas acabaram por apresentar problemas rapidamente, tornando-se pouco usadas ou até caindo no esquecimento. Enquanto isso, o Bitcoin segue com a sua dominância intocada e longe de ser ameaçada.
Dinheiro sem estado
Nos últimos 50 anos, no mínimo, a noção de dinheiro sempre foi atrelada ao estado. Para muitas pessoas, leigos e até economistas renomados, era impossível que um dinheiro de qualidade fosse criado por mãos privadas. O dinheiro sempre foi considerado um “monopólio natural” do estado.
Poucos economistas lutavam contra essa ideia. O austríaco Friedrich von Hayek foi um deles. Na década de 1970, Hayek já preconizava os benefícios de um sistema financeiro que permitisse não apenas a concorrência entre moedas, mas também a criação de dinheiro privado. Como um complemento a essas ideias, Hayek deixou claro os males que acreditava resultarem do monopólio estatal sobre o dinheiro.
O século XX mostrou diversos desses males, como hiperinflação, controles de capitais, confiscos e vários atos criminosos do estado contra a sua população. O Bitcoin, por sua vez, mostrou que os defensores do monopólio estatal estavam errados: o dinheiro pode ser criado por mãos privadas. O resultado disso foi a criação do dinheiro mais sólido e promissor que temos atualmente.
Consenso global
O Bitcoin utiliza diversos mecanismos de consenso para evitar que a rede seja corrompida ou obtenha o controle por algum grupo hostil. As taxas de consenso do Bitcoin podem ser altíssimas: em alguns casos, como foi no debate sobre o Segwit, pode ser necessário obter 95% da aprovação dos nodes e mineradores para fazer mudanças na rede.
Para muitos, tais mecanismos contribuem para que seja difícil fazer modificações na rede do Bitcoin. Entretanto, essa dificuldade é o que impede mudanças unilaterais que possam fragilizar a rede ou a sua descentralização.
Funcionalidades adaptativas
Ao mesmo tempo que possui regras rígidas de mudança, o Bitcoin tem uma grande capacidade de adaptação e de mudança. Seus mecanismos de ajustes são espetaculares.
Um desses exemplos é o ajuste de dificuldade da mineração dos blocos. Esse ajuste é definido a cada 2016 blocos (cerca de duas semanas) e toma como base a dificuldade dos 2016 blocos anteriores. Se houverem mais pessoas minerando, o nível de dificuldade aumenta, tornando o processo mais difícil; caso haja menos mineradores, a dificuldade é ajustada para baixo e permite que novos participantes entrem no mercado.
Essa movimentação ajuda a manter estável o nível de segurança da rede, e também faz com que haja um equilíbrio entre a quantidade de mineradores, evitando desperdícios de energia e poder computacional. Em suma, o Bitcoin sempre se adapta às circunstâncias do seu momento.
Segurança
Com quase 10 mil nodes e milhares de mineradores espalhados pelo mundo, a segurança da rede do Bitcoin garante que a mesma seja praticamente impenetrável. Mesmo que alguém queira burlar as regras do sistema, essa pessoa teria que corromper pelo menos 50% + 1 dos nodes – algo extremamente difícil dada a quantidade e distribuição geográfica destes.
E os dados históricos comprovam essa segurança: em 10 anos, a rede do Bitcoin jamais sofreu qualquer ataque bem-sucedido mesmo com 24 horas de atividade. Com um poder computacional milhares de vezes maior do que o Google, o Bitcoin se mantém como uma das poucas redes mundiais que jamais foram violadas, hackeadas ou tiveram suas operações interrompidas.
Descentralização
Talvez a maior garantidora de toda a segurança por trás do Bitcoin. Embora existam mais de 9 mil nodes espalhados pelo mundo, todos eles funcionam de maneira independente. Não existe um nodes ou grupos de nodes que sirvam como ponto central, o que permitiria a tomada ou derrubada da rede.
Se um terço dos nodes for desativado, a rede continuará funcionando normalmente – talvez com instabilidades no curto prazo, mas ainda assim segura. Nenhum governo tem o poder de derrubar a rede do Bitcoin, prender seus “donos” (posto que eles não existem) ou proibir seu funcionamento total.
Em 10 anos, ocorreram inegáveis avanços no mercado de criptoativos. Novos ativos foram criados, novas tecnologias surgiram, e mesmo o Bitcoin passou por grandes – e por vezes traumáticas – mudanças. Ainda assim, ele segue como um ativo desejado, valioso e que manteve suas características iniciais – em resumo, todas as qualidades de um grande líder.
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