Augustin Carstens, chefe do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), expressou na última sexta-feira, 22 de março, sua oposição às iniciativas propostas pelo banco JP Morgan e por outros bancos de emitirem suas próprias moedas digitais, que utilizam o design das criptomoedas mas abrem mão de seus recursos verdadeiramente libertadores.
Segundo a agência de notícias News BTC, Carstens fez seus comentários durante um discurso realizado no Banco Central da Irlanda. Ele afirmou que os bancos centrais, não acostumados a lidar com clientes, terão que assumir tais responsabilidades daqui para frente. Isso terá impacto sobre sua capacidade de ditar a política monetária.
JPM Coin, a verdadeira ameaça aos bancos centrais?
O gerente geral do BIS expôs suas visões sobre as consequências que a criação de ativos digitais emitidos por bancos centrais podem representar para o sistema financeiro
“… Enormes consequências operacionais para os bancos centrais na implementação de suas política monetária e implicações para a estabilidade do sistema financeiro”, afirmou.
De acordo com a publicação britânica CityAM, Carstens afirmou que era responsabilidade dos bancos centrais garantir que a economia funcionasse sem problemas e que o “sistema se mantenha sólido”. Segundo ele, isso contrasta com as responsabilidades dos bancos de varejo, que são atrair e atender seus clientes.
Sem divulgar muita coisa em termos de raciocínio, Carstens continuou dizendo que a emissão de criptomoedas por bancos centrais “mudaria a demanda pelo dinheiro e a sua composição, de maneiras imprevisíveis”.
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Em vez de se apressar em tais tentativas, Carstens sugeriu uma abordagem mais cautelosa. Embora a necessidade de inovar seja claramente importante, essa inovação não deve ser feita à custa de outras considerações.
“Os bancos centrais não põem frear inovações apenas por causa dos riscos. Mas também não devem acelerá-las, desconsiderando todas as condições de trânsito.”
O sentimento do chefe do BIS foi refletido em vários anúncios de bancos centrais e comerciais sobre planos para lançar suas próprias representações digitais de valor no futuro.
Apesar de seu CEO repetidamente criticar o Bitcoin e todas as criptomoedas, o JP Morgan anunciou recentemente que estava trabalhando em seu próprio projeto de stablecoin – a JPM Coin. O esquema tem pouco em comum com as criptomoedas como o Bitcoin, no entanto, uma vez que o token será atrelado ao dólar e totalmente autorizado.
Por enquanto, o banco afirmou que só permitirá que seus clientes institucionais usem o novo serviço para transferir valor e, ao fazer essa limitação, apenas reforça ainda mais a divisão entre os diferentes níveis de liberdade bancária ao redor do mundo – em contraste com o Bitcoin, um sistema aberto a qualquer pessoa.
O BIS não está sozinho em seu alerta para as criptomoedas emitidas por bancos centrais. Um relatório da PwC da França e divulgado pela revista Forbes na última sexta-feira, 22 de março, afirmou que os bancos centrais deveriam deixar essas moedas nas mãos de corporações, como o Facebook e o próprio JP Morgan.
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