Nesta quinta-feira, 10 de maio, a carteira física Trezor anunciou que passará a oferecer suporte para o armazenamento da PiedPiperCoin (PPC) em seus dispositivos. O anúncio também foi confirmado por Pavol Rusnak, CTO do Satoshi Labs, empresa responsável pela criação das carteiras Trezor. Rusnak orientou, através do GitHub, que os usuários da criptomoeda guardassem seus PPC na carteira.
O problema é que a PiedPiperCois não existe. Ou melhor, não passa de uma grande piada feita pelos membros da série Silicon Valley, exibida pelo canal fechado HBO.
Das telas para a ICO real
Tudo começou com o lançamento do último episódio do Vale do Silício. Intitulado “Inicial Coin Offer” – a trama acompanha a gangue Pied Piper, grupo que organiza um plano para arrecadar fundos com uma ICO falsa. A iniciativa foi auxiliada por uma blitz da mídia, que incluiu uma entrevista estranha entre a apresentadora da Bloomberg Tech Emily Chang e Bertram Gilfoyle, do Pied Piper.
Até mesmo o nome da moeda parece uma pegadinha bem elaborada: Pied Piper é o nome original do conto O Flautista de Hamelin, obra muito conhecida dos irmãos Grimm. Na história, um flautista chega à cidade de Hamelin afirmando que possui a solução para acabar com uma infestação de ratos no local. Após encantar os ratos com a sua flauta e retirá-los da cidade, o flautista não recebe o pagamento que lhe foi prometido. Ele resolve voltar até a cidade e usar a flauta novamente – dessa vez, para encantar todas as crianças e trancá-las em uma caverna.
Uma apresentação no site oficial da moeda, feita com uma mistura de seriedade e irreverência, garante aos investidores que existe uma chance de 98,745% de que obterão um lucro de 100 vezes o valor inicial investido, portanto, parece uma aposta de longo prazo bastante segura.
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Infelizmente, o esquema não foi tão planejado e quando a PiedPiperCoin foi lançada estava sendo negociada a apenas US$0,07 – muito abaixo dos US$68 por token necessários para igualar o montante de financiamento que a empresa poderia ter recebido com o apoio de uma empresa tradicional de venture capital.
Um exame mais detalhado no repositório GitHub da Trezor revela que o commit adicionando PiedPiperCoin não foi mesclado com a ramificação principal da carteira, e provavelmente nunca será – afinal a moeda sequer é real.
Consternação e acusações
Mesmo fazendo parte de uma campanha fictícia, o anúncio ainda conseguiu incitar a consternação de vários líderes de projetos de altcoins. Muitos deles chegaram a criticar a Trezor por adicionar a PiedPiperCoin ao invés de seus próprios projetos.
Um usuário chegou a acusar o CTO do Satoshi Labs de aceitar o pagamento para adicionar a moeda. Rusnak rebateu a acusação:
“Não recebi nenhum valor. Recebi a mesma quantia que recebi para adicionar outra moeda: zero. Você deve estar confundindo a Trezor com outra empresa que cobra taxas quando adiciona as moedas”, ele retrucou. “Tudo o que é necessário para adicionar uma moeda é adicionar uma solicitação junto com a definição de moeda. Talvez vocês devessem fazer o mesmo pelas suas moedas”, finalizou.
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