O desastre que ocorreu em Brumandinho, Minas Gerais, envolvendo o rompimento de uma barragem da Vale do Rio Doce, poderia ser melhor investigado se o Governo Federal obrigasse as mineradoras a registrarem informações em blockchain, argumenta o Engenheiro Cívil, Marcus Granadeiro.
Para ele, os recentes acontecimentos revelaram que, no caso de Brumadinho não há falha de Engenharia, mas “falta dela” e criticou fortemente a posição dos engenheiros da Vale que foram presos previamente para evitar a destruição de provas, o que segundo Granadeiro, não faria sentido se tudo estivesse registrado em blockchain.
“A polêmica prisão dos engenheiros, antes da apuração das responsabilidades e análise das provas, sob o argumento de possível destruição de provas, leva a pensar em uma eventual falha, ou falta, de um sistema de informação. Os documentos, dados e evidências que embasaram o laudo, assim com todas as informações sobre a operação e a leitura dos sensores, desde a inspeção que produziu o laudo até o rompimento, deveriam estar documentadas em um sistema com rastreabilidade e sem possibilidade de serem maculadas (…) O blockchain, que foi criado para garantir a segurança das informações registradas, resolveria todo o problema que emana a apuração deste caso no que tange aos dados relacionados aos laudos em questão”, destaca.
Segundo o engenheiro, projetos privados de barragem em outros países já vêm explorando registros em blockchain para evitar que acidentes como o da Vale careçam de “responsáveis” e de informações críveis que não dependam apenas da confiança do emissor.
“A tecnologia nasceu com a base das criptomoedas, mas já há aplicações para armazenar dados de engenharia. Alguns importantes projetos privados de barragens já fazem uso para sua gestão própria. Então, por que o governo não cria uma regra exigindo uma carteira de blockchain para projetos de infraestrutura? Projeto, inspeções e, principalmente, a operação. Tudo ‘registrado em pedra’, com responsáveis e sem a possibilidade de se apagar ou macular”, argumenta.
Graneiro finaliza declarando que a engenharia, que sempre esteve na vanguarda da transformação social, “ditando” as regras da construção das cidades, precisa transformar-se para responder aos desafios da era digital.
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“A engenharia pede transformação digital. Isso é quebra de paradigma, isso é inovação”, finaliza.
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