A era dos hard forks parece realmente ter chegado para ficar. Depois do Bitcoin Cash (BCH), que se originou a partir da rede do Bitcoin (BTC) no dia 1º de agosto, outra moeda poderá surgir no próximo dia 25 de outubro.
Denominada Bitcoin Gold (BTG), esta nova criptomoeda será distribuída a todos os detentores de Bitcoin na data prevista e deverá começar a ser negociada em corretoras ao redor do mundo a partir de 1º de novembro.
Para receber os seus BTGs de maneira imediata será necessário estar em posse da chave privada do seus Bitcoins. Caso os seus Bitcoins estejam em alguma carteira ou corretora que mantenha a custódia do seu ativo digital, o recebimento das suas moedas de Bitcoin Gold ficará à mercê da vontade e disponibilidade desses intermediários.
O BTG não tem nada a ver com outra provável moeda que também surgirá em novembro, no dia 23, o Bitcoin 2X, que será fruto da bifurcação da rede (hard fork) ocasionada pelos desenvolvedores do SegWit2X, como explicamos em detalhes neste outro artigo.
O Bitcoin Gold pretende mudar completamente o algoritmo de mineração que existe atualmente no Bitcoin. A ideia é sair do algoritmo SHA256, que exige supercomputadores ASICs para ser processado, para o Equihash, que requerirá computadores do tipo GPU.
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Com isso, os proponentes do BTG acreditam que será possível manter o processo de mineração mais descentralizado. Ou seja, a verificação e validação das transações na rede poderão ser feitas por processadores menos sofisticados e, consequentemente, por mais usuários da tecnologia.
A mineração do Bitcoin original atualmente é dominada por grandes empresas mineradoras devido à escala necessária para executar esse tipo de atividade e está cerca de 80% concentrada nas mãos de empresários chineses.
A conta no Twitter do Bitcoin Gold possui mais de 2600 seguidores, enquanto o canal de comunicação Slack conta mais mais de 400 membros. Apesar disso, analistas questionam a capacidade de execução da equipe ou do indivíduo que esteja por trás da iniciativa.
Até o momento, não foi disponibilizado pelo Bitcoin Gold uma rede de teste para os mineradores eventualmente interessados na rede realizarem os testes necessários de mineração.
Além disso, diferentemente da rede do Bitcoin Cash, o BTG ainda utiliza em seu código disponibilizado o mesmo esquema de ajuste de dificuldade de mineração do BTC e não dá sinais de que incluirá um Ajuste de Dificuldade Emergencial (EDA, na sigla em inglês), que servirá para reajustar a dificuldade de minerar os blocos na rede do BTG.
A nova rede também ainda não apresenta uma proteção contra ataque de repetição. Essas e outras questões levantam dúvidas na comunidade da seriedade e abrangência que este hard fork alcançará.
O site news.bitcoin.com conseguiu entrevistar um desenvoledor anônimo do Bitcoin Gold que utiliza o nickname de “H4x3”.
Segundo o porta-voz do BTG, a ideia por trás deste hard fork é implementar a visão de Satoshi Nakamoto, o lendário e misterioso criador do Bitcoin, que é “uma CPU, um voto”. Ele criticou o monopólio da empresa chinesa Bitmain, fabricante e distribuidora dos equipamentos de mineração que são utilizados atualmente para minerar BItcoin. “Isso é muito hostil ao Bitcoin e é inaceitável para qualquer um que entende a importância da descentralização no Bitcoin”, disse ele em trecho da entrevista.
O desenvolvedor afirmou que o Bitcoin Gold pode ser encarado como um plano de backup caso a rede de mineração do Bitcoin original seja destruída por algum motivo. “Esse mesmo racional tem sido usado como uma das proposições de valor da Litecoin, contudo, o Bitcoin Gold é melhor que a Litecoin porque ele tem a mesma regra de distribuição e suprimento do BItcoin. A custódia da Litecoin é muito mais estreitamente distribuída, o que a faz inadequada para o uso universal como reserva de valor e moeda de reserva”, opinou “H4x3”.
Ele também pontuou que o projeto ainda está em desenvolvimento e que a equipe está aberta a receber comentários e sugestões. “Estamos comprometidos a ser o máximo possível transparentes, desde que respeitando as expectativas razoáveis de privacidade das pessoas envolvidas neste projeto de código aberto”, disse.
De acordo com reportagem publicada pela CoinDesk, agência de notícias especializada do setor de criptomoedas, a pessoa por trás do projeto é Jack Liao, CEO da empresa de mineração LightningASIC, baseada em Hong Kong.
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