Uma das principais aplicações nas quais o bitcoin e a blockchain estão sendo avaliadas é para a redução da desigualdade social e a implementação de políticas de bem estar social. Atualmente, a ONU lidera este processo, usando a tecnologia de diferentes formas, buscando o seu objetivo principal que é promover a integração e a assistência, muitas vezes, em áreas de conflitos.
Seguindo esta proposta, a CCN, agência de notícias internacional, relatou que uma organização sem fins lucrativos na Índia anunciou um novo programa de mineração de criptomoedas destinado à juventude rural. Mais especificamente, a iniciativa tem como objetivo capacitar os mais pobres do país, um grupo demográfico que é composto, principalmente, por uma casta conhecida como ‘Dalits’.
A Câmara de Comércio e Indústria da Índia Dalit ( DICCI, na sigla em inglês) está liderando o programa com a ajuda de uma plataforma relacionada às criptomoedas, denominada Mahabfic, e do empreendedor social Dr. Tausif Malik. De acordo com a DICCI e a Mahabfic, a colaboração resultará no primeiro e maior programa de treinamento de mineração de Bitcoin (BMTP) do mundo para o trabalho autônomo.
Shri Milind Kamble, fundador da DICCI, afirmou que o principal objetivo do programa é “capacitar a população rural, especialmente os jovens da comunidade agrícola, para obter renda de sua cidade natal ou aldeias, o que criaria um novo desenvolvimento econômico nessas áreas”.
No entanto, a proposta humanitária de Kamble tem um enorme barreira para enfrentar, antes mesmo da questão social, que é o governo indiano. Embora tenha planos de lançar uma criptomoeda estatal, a Índia não tem um quadro regulatório definido para as criptomoedas (a nação faz parte do G20), mas não vê com bons olhos o mercado cripto. O governo já anunciou que não reconhece Bitcoin e as outras criptomoedas como meios de pagamento legais e anunciou, no ano passado, que pretende eliminar o seu uso, prejudicando assim os planos da Mahabfic e do mercado como um todo.
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Dalits e o sistema de castas
A Índia, uma nação majoritariamente hindu, possui um sistema de castas, que predomina principalmente nas áreas rurais e no qual a condição do indivíduo passa de pai para filho. Cada integrante só pode casar-se com pessoas do seu próprio grupo, ou seja, se você nasceu em uma família de sudras (camponeses), você só poderá casar-se com outro indivíduo do mesmo grupo e está destinado a ser camponês pelo resto de seus dias.
Já os Dalits são designados como “shudras”, grupo formado por trabalhadores braçais, considerados pelos escritos bramânicos, sobretudo Manava Dharmashastra, como “intocáveis” e impuros. O termo deriva de uma palavra em sânscrito que significa tanto “chão” quanto “feito aos pedaços”. Desse modo, a condição dos “dalits” é de opressão e, portanto, não podem reverter essa situação.
Embora o problema da disparidade de castas esteja em declínio, especialmente nas regiões mais ricas da Índia, não há dúvida de que um segmento considerável da população continua a ser afetado pela prática. Um agricultor dalit no estado de Gujarat, por exemplo, foi supostamente espancado até a morte por extremistas.
A questão da intocabilidade é um grande problema para a Índia, um país que anunciou corajosamente seus planos para ser uma superpotência nas próximas décadas. Vários filmes de Bollywood também abordaram o tema de uma forma ou outra, em uma tentativa de incentivar a reforma social entre as massas.