O Itaú é o maior banco privado do Brasil. Com R$ 250 bilhões em valor de mercado e R$ 43 bilhões em receita, é uma das mais valiosas e rentáveis empresas da B3. E como toda grande empresa, teme cada vez mais a concorrência dos pequenos.
É o que mostra a mais recente campanha publicitária feita pelo banco. O vídeo foi divulgado no dia 23 de junho no intervalo do Jornal Nacional – um horário bastante nobre. E a campanha teve um alvo direto: a corretora XP Investimentos, uma das principais concorrentes do Itaú.
Conflito de interesses da XP e exaltação de serviço premium
A campanha acusava produtos financeiros oferecidos por corretoras e conflito de interesse com os assessores independentes vinculados à XP. O vídeo insinuava que os assessores não ofereciam os melhores produtos para seus clientes, mas sim os que pagassem as melhores comissões aos agentes.
“Em 2019, a corretora fez muito investidor se achar o Rei de Wall Street. O que não estava claro é que eles ganhavam comissão por cada recomendação de investimento. Agora você já sabe a verdade. Em 2020, invista com os especialistas isentos do Itaú Personnalité. Em 2021, você vai se agradecer por isso.” diz o vídeo.
Ao mesmo tempo, o Itaú exaltou as qualidades do Itaú Personnalité, serviço do banco focado em clientes de alta renda. O valor mínimo de entrada no Personnalité é de R$ 500 mil.
Sócios, porém rivais
O mais curioso é que o Itaú é o principal acionista da XP. O banco detém 49% do capital da empresa, embora possua poder limitado de voto. No entanto, a relação entre a XP e o sistema bancário sempre foi um caso de rebeldia contra o sistema, por assim dizer.
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Desde a sua fundação em 2001, a XP se posicionou como uma empresa inovadora, que buscava retirar os investidores do sistema bancário. A própria venda da participação ao Itaú teve bastante relutância por parte do CEO e fundador da empresa, Guilherme Benchimol.
Benchimol, aliás, não deixou barato. Logo após a divulgação da campanha, ele divulgou um texto em resposta ao que chamou de “ataques do Itaú“. A frase que marcou o texto foi um ataque direto ao banco. “Tenho uma certeza: se tem algo que o banco não é, nem nunca foi, é ser feito para você”, afirmou Benchimol.
Exchanges também sofreram com o Itaú
E o combate direto à inovação por parte do Itaú não atinge apenas as corretoras. O mercado de criptoativos brasileiro também sofreu, especialmente as exchanges. O Itaú é conhecido no mercado de criptoativos como um dos piores bancos corretoras e negociadores de criptomoedas.
Praticamente nenhum deles utiliza o Itaú. E quem já utilizou teve vários problemas. Em janeiro, o CriptoFácil relatou que o Itaú recusou um acordo para manter as contas de exchanges abertas. Desde 2019, existem processo contra o banco no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). A maioria deles é relativa a fechamento de contas.
Embora o Itaú se vanglorie de utilizar a tecnologia blockchain, o trato com as criptomoedas chega a ser quase uma censura. Isso levou muitas personalidades do mercado cripto brasileiro a se manifestarem e repúdio às atitudes do banco. Como o caso de Rocelo Lopes, CEO da Stratum.
Hoje um parceiro da Stratum viveu mais um episódio de abuso de poder econômico, o @itau simplesmente encerrou a conta sem prévio aviso e não permitiu o cliente fazer o saque, ou seja, apropriação indébita dos recursos. E ainda o banco chamou a Polícia para retira-lo da agência!
— Rocelo Lopes (@RoceloLopes) April 24, 2020
Se o Itaú repudia o Bitcoin, os sócios da XP deram um exemplo oposto com a XDEX, exchange de criptomoedas que encerrou as atividades em 2020.
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