A fintech alemã Aifinyo AG fez história na última segunda-feira (21). Em sua publicação no X, a empresa anunciou que se tornará a primeira empresa de tesouraria de Bitcoin de capital aberto da Alemanha. Ou seja, assim como a Strategy, a Aifinyo também possui ações listadas em bolsa.
Sediada em Berlim, a fintech anunciou planos para acumular mais de 10.000 Bitcoins até 2027. Em seu anúncio, a empresa afirmou que já adquiriu € 3 milhões em Bitcoin e planeja adquirir outros € 3 milhões.
O plano da Aifinyo é usar € 3 milhões oriundo de um investimento feito pela UTXO Investment. Essa novidade marca uma grande mudança na forma como as empresas alemãs abordam a gestão de tesouraria.
No passado, o governo alemão vendeu mais de 50.000 Bitcoins que possuía em reserva, deixando de lucrar mais de € 2 bilhões depois que a criptomoeda se valorizou. O país também ficou para trás na criação de Bitcoin Treasury Companies (BTCo) enquanto França e Reino Unido já possuem empresas nesse setor.
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Aifinyo, a Strategy alemã
A Aifinyo opera o Smart Billment, uma plataforma digital de gerenciamento de faturas que atende 8.000 clientes empresariais em toda a Alemanha. Ela processa pagamentos para esses clientes, o que fez Stefan Kempf, presidente da companhia, chamá-la de “máquina alemã de Bitcoin”.
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De acordo com o executivo, o lucro obtido de cada pagamento processado por meio dessa plataforma agora contribui para a estratégia de acumulação de Bitcoin da empresa.
“Estamos construindo a primeira Bitcoin-Máquina alemã. Cada fatura paga por nossos 8.000 clientes agora gera Bitcoin para nossos acionistas”, disse Kempf.
A empresa planeja expandir o modelo para contas empresariais e cartões de crédito em 2026. Dessa forma, o lucro oriundo nestas operações também servirá para a compra de Bitcoin. Com isso, a Aifinyo pretende acelerar o ritmo de compras para bater sua meta de aquisição.
A custódia de Bitcoin segue padrões institucionais por meio de custodiantes alemães regulamentados pelo BaFin, o órgão regulador alemão. Todas as empresas utilizam soluções de armazenamento offline, de modo a proteger seus Bitcoins.
Essa estrutura regulatória atraiu a UTXO Management, que fez da Aifinyo seu primeiro investimento alemão.
“Já era hora de a Alemanha adotar uma abordagem de tesouraria em Bitcoin dessa qualidade. Aqui, todos os fatores para o sucesso se unem: negócios lucrativos, gestão experiente e uma estrutura regulatória sólida”, disse Tyler Evans, cofundador da UTXO Management.
Com isso, a Ainfinyo está dentro do portfólio do 210k Capital, fundo de hedge da gestora, que teve retornos de 640% em 2024, ocupando o quinto lugar entre os fundos de hedge globais. O fundo investe em empresas de tesouraria em Bitcoin em todo o mundo, incluindo Strategy, Metaplanet e Moon Inc.
Bitcoin Treasuries na Europa
A decisão Ainfinyo retira parte do atraso da Alemanha na corrida pelas BTCos na Europa. O Bitcoin Group, na Alemanha, detém 3.605 BTC, mas é uma empresa de capital fechado.
Já no Reino Unido, a Smarter Web Company é a maior BTCo e detém 2.395 BTC. O The Blockchain Group, da França, detém 1.653 BTC e lidera entre as empresas da segunda maior economia da União Europeia (UE). Já a Amdax, sediada na Holanda, levantou US$ 23 milhões em agosto de 2025 para construir a maior reserva de Bitcoin da Europa, visando comprar 210 mil BTC (1% da oferta total).
A tendência representa um forte contraste com as negociações anteriores da Alemanha com Bitcoin. No verão de 2024, o governo alemão vendeu 50.000 Bitcoins apreendidos de operações criminosas, gerando US$ 2,88 bilhões quando os preços estavam abaixo de US$ 54.000.
O Bitcoin ultrapassou US$ 89.000 logo após essa venda, o que significa que a Alemanha perdeu aproximadamente US$ 2 bilhões em ganhos potenciais. A Alemanha tradicionalmente aborda a inovação financeira com cautela. O setor bancário do país opera sob regulamentações rígidas, sendo que muitas empresas e pessoas ainda fazem transações em dinheiro vivo.