Há exatos 15 anos, em 31 de outubro de 2008, o mundo recebia um dos mais importantes documentos da história. Naquela data, Satoshi Nakamoto publicou o white paper do Bitcoin, documento que explicava sua ideia para uma moeda digital. Nascia aí o embrião do que, cerca de dois meses depois, se tornaria o Bitcoin (BTC).
Visto inicialmente com descrédito, o documento hoje é uma das obras mais importantes da tecnologia. E com o sucesso do Bitcoin, o artigo tornou-se leitura obrigatória para qualquer fã de tecnologia e criptografia. E existem muitas coisas interessantes envolvendo a criação e o documento em si.
Portanto, confira algumas curiosidades sobre o white paper do BTC, sua origem e detalhes a respeito do texto.
Apenas nove páginas
Confirmando a máxima de que “os melhores perfumes estão nos menores frascos”, o white paper é um exemplo de concisão e eficiência. Seu tamanho é de apenas nove páginas – oito e meia se descartar as referências – com um total de 2.736 palavras. A descrição de uma das tecnologias mais revolucionárias da história é bastante precisa.
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A título de comparação, a Magna Carta inglesa possui 3.550 palavras e a Constituição dos Estados Unidos possui 4.543 palavras.
Quem é o autor do white paper do Bitcoin?
“Ora, que pergunta óbvia! Lógico que quem escreveu o white paper do Bitcoin foi Satoshi Nakamoto”, diria o maximalista apressado. Mas calma que não é bem assim. De fato, ainda não há um consenso sobre quem é o verdadeiro autor desse documento.
Sim, foi Satoshi Nakamoto quem publicou o white paper do Bitcoin na lista de e-mails dos cypherpunks. Só que não há nenhuma evidência conclusiva que prove que alguém seja o inventor do Bitcoin.
Ainda assim, isso não impediu a especulação na Internet, com as mídias sociais tendo seus candidatos preferidos, como o primeiro usuário de Bitcoin, Hal Finney, e o matemático John Nash. O programador Craig Wright, por exemplo, alega até hoje que é o autor do documento, mas pouca gente leva a sério essa alegação.
Proibido no Reino Unido
Infelizmente para os britânicos, o white paper do Bitcoin não está disponível na terra do rei Charles III. E o motivo disso tem justamente a ver com o já citado Craig Wright, que moveu um processo no país. Na ação, Wright alegou ser o autor do documento e que, dessa forma, teria direitos autorais sobre o documento.
Em 2021, um tribunal britânico deu ganho de causa para Wright, que ganhou direitos de publicação sobre a obra no país. Com isso, qualquer site com sede no Reino Unido precisa de autorização de Wright para publicar a obra. O site Bitcoin.org, por exemplo, precisou retirar o documento de seu domínio britânico.
Sem Bitcoin
Curiosamente, o documento que dá origem ao Bitcoin praticamente não contém essa palavra. O nome “Bitcoin” aparece somente duas vezes no documento, sendo uma delas no título da obra.
É amplamente aceito que Satoshi deu nome ao Bitcoin bem tarde no processo. De fato, há evidências de que ele pode até querer chamá-lo simplesmente de “Dinheiro Eletrônico” ou “Netcoin”.
Além disso, nos primeiros e-mails que Satoshi enviou a outros cientistas para revisão, ele chamava o Bitcoin de “Dinheiro Eletrônico”, o que não é uma surpresa. Este termo era bastante popular nos anos 1990, sobretudo por causa das tentativas que precederam o Bitcoin na criação de um dinheiro digital.
White paper do Bitcoin é referência global
Desde o surgimento do BTC, vários grupos criaram suas criptomoedas baseados na obra de Satoshi Nakamoto. Segundo dados do site SemanticsScholar, o white paper do Bitcoin recebeu citações em mais de 4.000 artigos acadêmicos desde o seu lançamento. Entre as criptomoedas, nenhum material teve mais citações do que ele.
Tais citações incluem muitos que pretendem oferecer avanços para sistemas de criptomoedas como Ethereum, Zcash e muito mais. Sem dúvida, esse número só continuará a aumentar à medida que mais promotores e construtores em todo o mundo começarem a reconhecer e a promover o trabalho inovador de Satoshi.
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