A Western Union vai testar um sistema de liquidação baseado em stablecoins, em sua maior iniciativa até agora voltada ao uso de tecnologia blockchain em transferências internacionais. O projeto faz parte da estratégia da companhia de modernizar o processo de envio e recebimento de remessas, que movimenta cerca de 70 milhões de transações por trimestre e atende mais de 150 milhões de clientes em 200 países.
O anúncio foi feito pelo CEO Devin McGranahan durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre. Segundo ele, a adoção de liquidações “on-chain” pode tornar as transações mais rápidas, baratas e transparentes, sem comprometer as exigências regulatórias e a confiança dos usuários.
A Western Union vinha estudando formas de integrar ativos digitais ao seu sistema há meses. Contudo, havia adiado os planos devido à volatilidade das criptomoedas e à falta de clareza regulatória. A aprovação recente do GENIUS Act, que estabelece um marco mais definido para o uso de ativos digitais nos Estados Unidos, deu o sinal verde para o avanço do projeto.
Stablecoins ganham força no setor financeiro global
As stablecoins (moedas digitais atreladas a ativos estáveis como o dólar) têm atraído crescente interesse de instituições financeiras e empresas de pagamentos. De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, o mercado global dessas moedas ultrapassou US$ 300 bilhões em abril. Além disso, projeta-se que pode chegar a US$ 2 trilhões até 2028, impulsionado pela busca por liquidação mais rápida e custos menores.
A Western Union destacou que a tecnologia pode ser particularmente útil em economias de alta inflação. Afina, permite que usuários mantenham poder de compra ao acessar ativos lastreados em dólar.
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“Em muitas regiões, poder guardar um ativo denominado em dólar tem valor real”, afirmou a empresa em comunicado, ressaltando que a iniciativa está alinhada à missão de “modernizar a movimentação de dinheiro”.
Concorrência acelera integração de blockchain
O movimento da Western Union ocorre em meio a uma corrida entre empresas de pagamentos e bancos para integrar soluções blockchain aos seus sistemas. A Zelle, por meio da Early Warning Services, anunciou planos para implementar stablecoins em transferências internacionais. Enquanto isso, a MoneyGram se prepara para lançar um aplicativo de remessas e poupança baseado em USDC na Colômbia, oferecendo liquidação quase instantânea.
Grandes bancos também seguem na mesma direção. Em agosto, a Citigroup confirmou que avalia emitir sua própria stablecoin e desenvolver depósitos tokenizados para clientes corporativos. Já o JPMorgan, que lançou tokens de depósito para pagamentos institucionais em blockchain, atua como principal subscritor do IPO da Circle, emissora da stablecoin USDC, cuja valorização já ultrapassou 500% desde o lançamento.
No universo das exchanges, a Crypto.com anunciou integração com o protocolo DeFi Morpho, permitindo que usuários emprestem e tomem stablecoins diretamente na blockchain Cronos, utilizando versões tokenizadas de Bitcoin e Ethereum como colateral.

