Após a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) adiar a compra dos ativos da empresa de empréstimos de criptomoedas falida Voyager Digital pela Binance US, as companhias conseguiram uma aprovação inicial para o acordo de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões).
A aprovação foi concedida à Voyager na última terça-feira (10) pelo juiz de falências dos EUA, Michael Wiles. O magistrado permitiu que a Voyager firmasse um contrato de compra com o braço da Binance nos EUA, bem como solicitasse votos dos credores sobre a venda. Mas a conclusão do negócio só acontecerá mediante uma audiência no tribunal prevista para março.
A transação entre a Voyager e a Binance enfrenta preocupações levantadas pelo Comitê de Investimentos Estrangeiros dos EUA (CFIUS). Este órgão analisa o risco à segurança nacional de investimentos estrangeiros em empresas americanas. De acordo com uma reportagem da Reuters, os EUA usam o CFIUS, em geral, para impedir o investimento chinês no país. Embora o fundador da Binance, Changpeng Zhao, seja canadense, ele nasceu na China e isso pode ter alertado o CFIUS.
Clientes da Voyager podem recuperar fundos
Conforme destacou o advogado da Voyager, Joshua Sussberg, durante a audiência de terça-feira, a Voyager pretende abordar quaisquer questões que possam levar o CFIUS a se opor à transação.
“Estamos coordenando com a Binance e seus advogados não apenas para lidar com essa investigação, mas também para enviar voluntariamente um pedido para levar esse processo adiante”, disse Sussberg.
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No dia 30 de dezembro, logo após a Binance anunciar seu interesse em comprar os ativos da Voyager, o CFIUS disse em um processo judicial que sua análise “poderia afetar a capacidade das partes de concluir as transações, o prazo de conclusão ou os termos relevantes”.
Caso o órgão, de fato, impeça o negócio, a Voyager terá que reembolsar seus clientes com as criptomoedas que ainda possui. Segundo Sussberg, isso resultaria em um pagamento menor para os usuários da Voyager. Por outro lado, se o negócio prosseguir, os clientes da empresa migrarão para a Binance US, podendo sacar seus investimentos. De acordo com os cálculos da Voyager, com essa migração, os clientes devem recuperar cerca de 51% do valor de seus depósitos no momento do pedido de falência da Voyager.
SEC ‘trava’ compra da Voyager pela Binance
Além da contestação do CFIUS, o negócio também enfrentou objeções por parte da SEC. Isso porque, segundo o regulador, a proposta de compra não incluía detalhes suficientes sobre a capacidade da Binance de “consumar uma transação desta magnitude”.
Por isso, a exchange foi solicitada a fornecer informações adicionais sobre como serão as operações da Binance nos EUA após o acordo. Além disso, os advogados da SEC exigiram mais dados sobre como a empresa vai proteger os ativos dos clientes.
Binance anuncia compra da Voyager
Conforme noticiou o CriptoFácil, em dezembro de 2022, a Binance.US fechou um acordo para comprar os ativos da Voyager. A proposta previa destravar os fundos dos clientes o mais rápido possível. Na ocasião, a Binance US ofereceu cerca de US$ 1,020 bilhão pelos ativos da Voyager. A maior parte do valor (US$ 1 bilhão) diz respeito aos ativos da Voyager em si, enquanto os US$ 20 milhões restantes são uma fração incremental.
O valor total oferecido pela Binance US foi a maior oferta de aquisição que a Voyager recebeu pelos seus ativos. Vale destacar que a Voyager já tinha um acordo de aquisição com a FTX. No entanto, o negócio se desfez após a exchange colapsar e entrar com pedido de recuperação judicial em novembro de 2022.
Crise da Voyager Digital
A Voyager Digital declarou insolvência em julho de 2022, logo após o colapso da Terra (LUNC), que também afetou o fundo Three Arrows Capital (3AC). O fundo era um dos maiores devedores da Voyager e sua falência deixou a exchange sem liquidez suficiente.
Assim, com poucas reservas, a Voyager teve que pausar os saques para evitar a falência e tentar se recuperar. Mas em julho, devido ao problema dos saques persistirem, a Voyager declarou insolvência e entrou com um pedido de recuperação judicial, o Capítulo 11.
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