O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) anunciou a prisão de dois indivíduos ligados ao ataque contra a exchange Bitfinex. Trata-se de um casal que foi preso em Nova York na manhã desta terça-feira (8).
Ilya Lichtenstein e sua esposa, Heather Morgan, 31, são ambos de Nova York. Junto com eles, o DoJ alegou ter apreendido cerca de US$ 3,6 bilhões em Bitcoin (BTC). A soma corresponde a R$ 19 bilhões com base na cotação atual do dólar.
O valor apreendido corresponde a 80% do total roubado da Bitfinex em 2016. Coincidentemente, esta foi a mesma quantia movimentada pelos endereços associados ao ataque. Conforme revelou o CriptoFácil, as operações ocorreram em 1 de fevereiro, uma semana antes da prisão.
Após a prisão, Lichtenstein e Morgan serão conduzidos a um tribunal federal. O julgamento está marcado para às 15h, em Manhattan (16h no horário de Brasília).
Movimentação possibilitou o rastreio
De acordo com o Lisa O. Monaco, vice-procuradora-geral do DoJ, a movimentação de fundos realizada pelos hackers possibilitou a prisão. Eles moveram 94 mil BTC em 23 transações em 1 de fevereiro. Com isso deixaram rastros, facilitando a ação das autoridades estadunidenses
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“Em um esforço fútil para manter o anonimato digital, os réus lavaram fundos roubados através de um labirinto de transações de criptomoedas. Graças ao trabalho meticuloso da aplicação da lei, o DoJ mais uma vez mostrou como pode e seguirá o dinheiro, não importa o que seja necessário”.
Em 2016, hackers invadiram a plataforma da Bitfinex e roubaram 119.754 BTC da corretora. O DoJ afirmou que desde o ataque, Lichtenstein e Morgan realizaram mais de 2.000 transações para lavar os fundos. A maior parte delas enviava criptomoedas para carteiras controladas por Lichtenstein.
Nos últimos cinco anos, aproximadamente 25 mil BTC foram transferidos para fora da carteira de Lichtenstein através de um complicado processo de lavagem de dinheiro. Em seguida, alguns dos fundos roubados sendo depositados em contas financeiras controladas por Lichtenstein e Morgan.
O restante dos fundos roubados, compreendendo mais de 94 mil BTC, permaneceu na carteira usada para receber e armazenar os lucros ilegais do ataque. Foi justamente esta quantia que os hackers moveram recentemente, chamando atenção das autoridades. Com isso, mandados de busca foram autorizados pela corte para investigar contas on-line controladas pelo casal.
Em seguida, os agentes especiais obtiveram acesso a arquivos dentro de uma conta online controlada por Lichtenstein. Esses arquivos continham as chaves privadas necessárias para acessar a carteira digital que receberam diretamente os fundos roubados. Com as chaves em mãos, os agentes recuperaram os 94 mil BTC.
Rastreio na blockchain
Segundo a denúncia, Lichtenstein e Morgan empregam numerosas técnicas sofisticadas de lavagem de dinheiro. Entre as principais delas estão:
- utilização de identidades falsas para criar contas online;
- programas de computador para automatizar transações, fazendo com que que muitas transações ocorram em um curto período de tempo;
- depósito dos fundos roubados em em uma variedade de exchanges e mercados da Deep Web;
- ofuscar o rastro do histórico de transações;
- converter BTC para outras criptomoedas, sobretudo aquelas com foco em anonimato;
- utilizar contas de negócios baseadas em U.S. para legitimar sua atividade bancária.
Ainda assim, as autoridades conseguiram rastrear e recuperar os fundos roubados. Para o assistente da Procuradoria-Geral General Kenneth A . Polite Jr., isso mostra os avanços dos EUA no sentido de identificar e rastrear fundos roubados
“Hoje, a aplicação da lei federal demonstra mais uma vez que podemos seguir dinheiro através do blockchain. Não permitiremos que as criptomoedas sejam um refúgio seguro para lavagem de dinheiro ou uma zona de ilegalidade dentro do nosso sistema financeiro”.
Lichtenstein e Morgan são acusados de conspiração para cometer lavagem de dinheiro e fraude federal. Se forem condenados, podem pegar uma sentença entre cinco e 25 anos de prisão. Por outro lado, o DoJ não afirmou qual será o destino dos BTC recuperados na operação.
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