Após anos tecendo críticas ao Bitcoin (BTC), Tiago Reis, fundador da Suno Research, decidiu incluir a criptomoeda no seu portfólio. De acordo com uma publicação de Reis no X, a operação ocorreu nesta segunda-feira (25).
“Eu sou um investidor de longo prazo. Porém, esta é uma anomalia de mercado. Então resolvi fazer este trade. Não recomendo para ninguém. Isso é arriscado”, explicou Reis em seu tuíte.
No entanto, a operação aparentemente não envolve apenas a compra de BTC, mas sim a venda de ações da MicroStrategy. Ou seja, Reis decidiu comprar BTC e também apostar contra a empresa de Michael Saylor, que já detém quase 400 mil BTC em caixa.
Para se expor ao Bitcoin, Reis adquiriu 1.660 cotas do IBIT39, BDR do ETF de Bitcoin da BlackRock (IBIT) listado na B3. Em seguida, Reis abriu uma operação de venda de 5.600 BDRs da MicroStrategy (M2ST34). Em valores, Reis investiu R$ 179,754,20 na compra de BTC via ETFs e R$ 172.788 na operação de venda da MicroStrategy
Bitcoin compra, MicroStrategy vende
Tudo começou na última quinta-feira (21), quando Reis publicou um tuíte sobre o Bitcoin e a MicroStrategy. A mensagem foi publicada três dias antes da empresa de Michael Saylor fechar uma compra de 51.000 BTC, a maior feita pela empresa até então.
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Em sua mensagem, Reis publicou a intenção de comprar BTC e, ao mesmo tempo, “shortear” as ações da companhia (MSTR). O termo “shortear” vem do inglês short e significa operar vendido em um ativo.
“Está dando vontade de comprar Bitcoin… E shortear $MSRT (sic)… Long and short. Qual a tese para não fazer isso? Essa MSRT possui basicamente somente Bitcoin como ativo e vale 3-4x mais que o Bitcoin que tem dentro”, tuitou Reis.
No mesmo tuíte, Reis afirmou que a tese não tinha a ver com investir em Bitcoin no longo prazo, mas sim com arbitragem. Ele planejava apostar na valorização do BTC (que está em tendência de alta) e apostar contra a MicroStrategy. Quatro dias depois, o analista confirmou que fez a operação.
Em outro comentário, Reis esclareceu que colocou um stop na operação para limitar suas perdas e que tem um preço-alvo em ambos os ativos. O CriptoFácil entrou em contato com o analista e perguntou a respeito de sua posição, mas não obteve resposta até o momento. Esta matéria será atualizada em caso de retorno.
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Prêmio de holding na MicroStrategy
De acordo com Reis, a MicroStrategy está agindo como uma holding, que é uma empresa que investe em outras companhias. Só que a companhia de Michael Saylor virou uma holding de BTC, que passou a estocar pilhas cada vez maiores do ativo digital.
“Basicamente pegaram um ativo, e colocaram dentro de um envelope. E, magicamente, este envelope vale três o valor do ativo”, explicou.
Na verdade, a empresa vale cerca de 2,2 vezes o total que possui em BTC. De acordo com a Nasdaq, o valor de mercado da MicroStrategy é de US$ 83,5 bilhões, ao passo que a companhia tem o equivalente a US$ 37 bilhões de BTC. Esse valor já inclui a compra de US$ 5,4 bilhões feita nesta segunda-feira, que adicionou mais 55.500 BTC ao caixa.
Portanto, o que Tiago Reis fez foi comprar o ativo subjacente (BTC) e vender o “envelope” (M2ST34). “Coloquei um stop para limitar minhas perdas”, explicou.
Marco de dois anos
O fundador da Suno Research é um crítico do Bitcoin desde 2018 e sempre afirmou que a criptomoeda não era um investimento. Sua justificativa era semelhante a de outros investidores: o BTC não gera renda, algo que o fundador da Suno Research considera vital na sua filosofia de investimentos.
Curiosamente, há exatos dois anos e quatro dias, em 21 de fevereiro de 2022, Reis chegou a afirmar que o “Bitcoin acabou“, em resposta ao tuíte de outro educador financeiro. Na época, Charles Mendlowicz, conhecido como Economista Sincero, destacava a queda do BTC para US$ 15.997, o fundo do último ciclo de alta.
Desde que Reis decretou essa “morte” do Bitcoin, o preço da criptomoeda se recuperou e voltou a superar suas máximas históricas em 2024. Contando a partir daquele 21 de novembro de 2022 até o fechamento desta matéria, o preço da criptomoeda registra ganhos acumulados de 505%.
Apesar de suas críticas ao Bitcoin, esta é a primeira vez que Tiago Reis faz alguma operação financeira pública referente ao ativo digital.