Mais de dez dias após a prisão de seu CEO, o Telegram decidiu alterar radicalmente sua postura em relação ao uso “ilegal” de suas mensagens. Uma das medidas mais drásticas foi estender o alcance de seus moderadores para incluir chats privados.
Pela primeira vez desde sua criação, os usuários de chats privados do Telegram poderão sinalizar “conteúdo ilegal” e submetê-los a uma revisão. A nova diretriz surgiu na quinta-feira (05), quando o Telegram publicou uma alteração em sua página de perguntas e respostas.
Uma versão mais antiga da mesma página dizia que o Telegram tratava grupos privados como “fora dos limites”. Ou seja, esses grupos tinham um maior grau de privacidade do que os grupos abertos ao público.
A medida provavelmente tem como objetivo adequar as diretrizes do Telegram a regulações sobre combate a crimes. De fato, essa suposta “falta de controle” foi um dos motivos que levou à prisão de Pavel Durov na França, no dia 24 de agosto. O CEO recebeu a liberdade provisória, mas está impedido de deixar o território francês.
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Mudança de diretriz do Telegram
A mudança silenciosa de política pode remodelar a suposta posição do Telegram como facilitador de todas as formas de ilegalidade que as autoridades francesas estão alegando. No mês passado, a França prendeu Durov por permitir que supostas atividades criminosas se alastrassem no aplicativo.
Durov rejeitou as acusações como infundadas, mas deve permanecer na França aguardando julgamento. Em sua defesa, o CEO afirmou que a rede social não tem controle sobre os conteúdos disseminados nos grupos privados do Telegram.
“Todos os chats do Telegram e chats em grupo são privados entre seus participantes. Não processamos nenhuma solicitação relacionada a eles”, afirmou Durov. No entanto, as autoridades da França ainda assim o processaram por colaboração com diversas atividades, de lavagem de dinheiro a “disseminação de conteúdo impróprio”.
Na quinta-feira, Durov fez uma publicação no Telegram onde mudou parte da sua postura. De acordo com o texto, o CEO reconheceu que o rápido crescimento do aplicativo “tornou mais fácil para criminosos abusarem de nossa plataforma”. Por fim, Durov prometeu mudanças.
“Ainda estou tentando entender o que aconteceu na França. Mas ouvimos as preocupações. Fiz disso meu objetivo pessoal para evitar que abusadores da plataforma do Telegram interfiram no futuro de nossos mais de 950 milhões de usuários”, completou Durov.
Até o fechamento desta matéria, o maior poder de moderação foi a única mudança que o Telegram anunciou.