A Talla, startup de Inteligência artificial (IA) criada em 2015, está lançando o BotChain, uma iniciativa de IA que usa a tecnologia blockchain para fornecer aprimoramento para sistemas baseados em IA.
A nova plataforma blockchain, que está sendo construída no Ethereum, foi projetada para registrar, identificar e auditar os agentes autônomos com o objetivo de fornecer uma maneira das empresas colaborarem e melhorarem respostas e escolhas de bots.
“Em outras palavras, o BotChain faz pelos bots e processos autônomos o que uma certificação digital faz pelos sites”, disse Rob May, CEO da Talla, ao CoinJournal.
Segundo ele, a empresa está indo atrás da indústria de bots autônomos de US$50 bilhões, que atualmente não possui os “padrões ou protocolos universais de qualquer outra grande indústria de software. Também não há visibilidade verificável em decisões e ações de bots. Essas condições limitam o crescimento e apresentam riscos significativos de conformidade para as corporações”.
A ideia por trás do BotChain é que, assim como os humanos exigem supervisão e auditorias no local de trabalho para facilitar o desempenho, a conformidade, o compartilhamento de conhecimento, a colaboração e a comunicação, os bots também precisam de uma plataforma para garantir esses benefícios.
Para resolver esse problema, a BotChain está desenvolvendo uma rede descentralizada onde empresas e desenvolvedores podem registrar seus bots.
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No BotChain, cada bot tem um código de identidade único e todas as atividades são registradas na blockchain. Isso resolve o problema de representação de bots porque todos os bots podem ser facilmente identificados e também permite auditoria e conformidade de comportamento. Ao registrar o estado e as atividades do bot, o BotChain fornece um registro confiável, auditável e imutável do comportamento do bot. Usuários, empresas e consumidores podem então verificar se as ações do bot estão sendo realizadas adequadamente e se os comportamentos ruins podem ser corrigidos, garantindo que os bots operem dentro do escopo de seus direitos e design.
Isso não só permite que os humanos usem bots com maior segurança e confiança, mas também que os bots colaborem, negociem e transacionem com segurança com outros bots, abrindo as portas para casos de uso mais avançados.
“Estamos claramente perto de um mundo onde a diferenciação entre falar com um humano ou bot torna-se muito pequena”, afirmou May. “Um único registro curado de bots descentralizados é uma solução importante para lidar com isso, para que seres humanos e bots possam confiar em agentes de IA, verificando sua propriedade e identidade.”
Além de fornecer uma trilha de auditoria confiável, a tecnologia blockchain permite que a plataforma BotChain seja verdadeiramente descentralizada, “garantindo que uma entidade não possua o registro, o que significa que as empresas podem registrar seus bots sem medo de que uma empresa tenha muito controle”, completou o CEO.
O BotChain lançou sua aplicação descentralizada na rede Ethereum em maio de 2018. A equipe está agora trabalhando em seus aplicativos de serviços de identidade e auditoria, planejados para novembro deste ano.
Polêmica
Os bots têm sido destaque na mídia internacional desde a última eleição norte-americana, com alegações de que podem ter ajudado a definir o resultado do Brexit e da vitória de Trump. Estimativas de um estudo do National Bureau of National Research revelam que estes “bots” podem ter aumentado os votos pela escolha de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos em 3,26%. Na Europa, a estimativa é que bots tenham influenciado a votação da saída do Reino Unido da União Europeia, aumentando os votos favoráveis em 1,76%.
No Brasil, segundo uma matéria da BBC, o uso de bots para influenciar campanhas políticas vem sendo feito desde 2014, com empresas como a Stilingue, que varre a internet com um software de inteligência artificial capaz de ler textos em português, e a Cambridge Analytica, consultoria que trabalhou na campanha de Donald Trump e atua no Brasil desde o ano passado.
Especialistas da área alertam para a disseminação silenciosa dos social bots, perfis controlados por inteligência artificial que se manifestam politicamente e interagem com seres humanos nas redes. “Muitos são criados para gerar a impressão de que todo mundo fala sobre determinado tópico”, apontou o professor do curso de ciência da computação da UFMG Fabrício Benevenuto para a BBC.