Nos últimos dois meses, o mercado de negociações Peer-to-peer (P2P) experimentou um enorme crescimento em termos de volume, mesmo com a queda no preço do Bitcoin desde o início do ano.
Em termos internacionais, os vendedores P2P vivenciam uma grande demanda ressurgindo entre os interessados pelo Bitcoin. Mesmo em mercados com menor desenvolvimento, como o caso da América do Sul, o crescimento foi expressivo: em países como o Peru, o volume chegou a mais de 100 Bitcoins em uma única semana. Com o aumento do preço do Bitcoin (atualmente na casa dos US$8 mil), podemos ver aumentos ainda maiores dos volumes do mercado P2P, que se caracteriza por um atendimento mais personalizado e mais rápido, sendo o preferido de muitos que compram Bitcoin e outras criptomoedas.
Para analisar melhor o impacto desse movimento no mercado brasileiro, o Criptomoedas Fácil resolveu lançar a série Mercado P2P Brasileiro. Seguindo o mesmo molde de outras séries que lançamos este ano – o especial Mulheres na Blockchain e a série Exchanges Brasileiras – essa tem como objetivo trazer aos leitores mais informações sobre o mercado de negociação P2P do Brasil e também apresentar alguns dos principais vendedores nacionais.
Este primeiro episódio traz uma das mais conhecidas e respeitadas vendedoras P2P do mercado brasileiro: Jéssica Lima. Ela nos conta detalhes sobre a sua trajetória com o Bitcoin, sua visão sobre o mercado e também deixa algumas dicas para evitar problemas na hora de negociar.
Criptomoedas Fácil: Olá, Jéssica. Para começarmos, quando você conheceu o Bitcoin e como entrou neste universo?
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Jéssica Lima: Conheci o Bitcoin no final de 2015, quando um amigo me enviou uma pequena fração em forma de presente. Desde então fiquei interessada no assunto e comecei a trabalhar pra esse amigo como assistente pessoal.
CF: Há quanto tempo você atua como P2P?
JL: Iniciei as minhas negociações P2P com um sócio em janeiro de 2017.
CF: Como você avalia o mercado de venda P2P neste primeiro semestre de 2018? Como a queda de preço vivenciada pelo Bitcoin no primeiro semestre deste ano impactou suas negociações?
JL: No início de 2018, minhas negociações caíram drasticamente. Mas a partir de março que o mercado voltou a reagir, elas voltaram ao normal. Acredito que as pessoas estavam com medo de comprar Bitcoin e o preço cair ainda mais.
CF: Um recente artigo publicado avaliou a performance do mercado P2P através da ferramenta Localbitcoins. A conclusão tirada foi de que o mercado P2P tem aumentado em volume na América Latina, especialmente no Brasil, na Argentina e na Venezuela. Você sentiu que isso refletiu em suas negociações?
JL: Vi muitas pessoas em grupos aqui do Brasil pedindo referências de pessoas negociando na América Latina. Diretamente a mim, não refletiu em nada.
CF: Você sabe dizer se em 2018 o seu volume de negociações foi maior entre novos clientes ou clientes já fidelizados?
JL: Isso não sei te dizer. Eu continuo com meus antigos clientes e também com novos. Em relação ao ano passado, não houve uma grande entrada de novos clientes.
CF: Você sabe dizer para qual finalidade a maioria dos seus clientes compra criptomoedas? (para investir, para fazer pagamentos, etc.)
JL: Remessas, OTC, trading, hold… São vários motivos.
CF: Além do Bitcoin, seus clientes também buscam outras criptomoedas? Quais?
JL: Sim. Decred, Litecoin e outras que estão disponíveis em meu site. Além disso, também faço venda de passagens aéreas internacionais com criptomoedas.
CF: Muito interessante. Explique para nós como funciona esse serviço.
JL: O cliente pesquisa a passagem, com dia de ida e de volta e o preço, no site decolar.com e faz a cotação comigo. Após isso, eu efetuo a compra (o preço da cotação da passagem é o mesmo do meu site). Então ele me paga o valor da passagem em Bitcoins e eu faço a compra da passagem. Por esse meio, consigo dar ao cliente 10% de desconto sobre o valor da passagem.
CF: Como você acredita que as OTCs (mesas de negociação) podem influenciar em suas negociações?
JL: Me considero mais parte das mesas de negociações (otc) do que do P2P em si, devido ao meu volume ser mais próximo do praticado nos mercados de OTC.
CF: A maioria dos clientes são pessoas físicas ou jurídicas?
JL: pessoas jurídicas.
CF: Qual o preço de referência que você utiliza para dar a cotação do Bitcoin e de possíveis outras criptomoedas?
JL: BitcoinTrade +3% e -3%. Eu vendo por +3% e compro por – 3%. Mas se tiver volume de 2 Bitcoins ou mais faço um desconto de 1% na venda ou na compra.
CF: Qual a maior dificuldade que você considera ao negociar com novos entrantes no mercado?
JL: Estamos na Internet, onde tem um maior acesso… Mais bandidos entrando no mercado, confesso que em 2017 eu não tinha medo algum de pegar novos clientes, mas neste ano passei a moderar e selecionar com quem negocio. Por um pequeno descuido, acabei sofrendo golpe de um perfil fake.
CF: Acompanhei bem o caso dos perfis fakes que fizeram de você. Poderia falar brevemente sobre o caso e deixar algumas dicas para o pessoal que está começando a comprar Bitcoin evitar cair nesses golpes?
JL: A pessoa entrou em contato comigo, colocou a foto de três pessoas conhecidas na comunidade e uma garota e criou o nome falso. Efetuou a transferência pra mim e constava o mesmo nome no comprovante, sem nenhuma diferença, então não desconfiei. No dia seguinte havia um estorno na minha conta e o gerente me falou que havia sido um estorno. Não soube bem o que aconteceu, mas minha dica é: sempre peça os documentos, verifique o perfil de quem tá comprando contigo, mesmo que leve algum tempo.
CF: E quais melhorias você tomou para evitar ser vítima de novos golpes desse tipo?
JL: melhorei a segurança do meu atendimento: como os golpes foram pelo Facebook, passei a não atender clientes que me procuram por lá. Hoje só atendo por WhatsApp, Telegram ou pelo meu site, onde todas essas informações estão disponíveis.