Em mais um episódio da Série Exchanges Brasileiras, o Criptomoedas Fácil tem o prazer de apresentar mais uma exchange surgida recentemente no mercado: a gaúcha PagCripto. Originada em uma conversa nas redes sociais, a empresa oriunda da cidade de Caxias do Sul trabalha não apenas com a negociações de criptoativos, mas também fornece um gateway de pagamento que permite aos clientes aceitarem Bitcoin como pagamento em seu negócio ou prestação de serviços.
Conversamos com Carlos Lain, CEO da exchange, que falou mais sobre a recente trajetória da empresa, a solução de pagamento e sobre a visão da PagCripto em relação às dificuldades do mercado de ativos digitais.
Perfil PagCripto
A ideia de criar uma exchange não fazia parte dos planos dos sócios Carlos Lain e Roberto Oliveira na conversa que originou a PagCripto. O plano inicial deles era analisar soluções para receber pagamentos em criptoativos para outro negócio que possuíam, uma vez que não conseguiam encontrar algo que funcionasse com a moeda brasileira.
“Na época, só encontramos opções que permitissem isso em moedas como dólar americano ou euro”, disse Lain.
Os dois sócios possuíam grande experiência no setor de tecnologia, como segurança de redes e serviços de hospedagem. E, diante da falta de opções de mercado, decidiram eles mesmos criar a oferta para a sua demanda.
A partir daí surgiu a ideia da PagCripto, inicialmente como um gateway de pagamento. Porém, logo de cara eles se depararam com um problema que viria a ser a origem da exchange.
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“Havia a falta de liquidez como solução, exceto se tivéssemos um grande capital em R$ para permitir isso em larga escala. Nessa ideia que a Exchange surgiu como uma solução complementar da PagCripto. Uma Exchange e um Gateway juntos, que poderíamos permitir que nossos próprios clientes liquidassem as entradas, além de garantir nesses casos um ótimo preço de compra.”
Portanto, a PagCripto aliou a necessidade de um sistema de pagamento em Bitcoin com a busca pelo capital necessário para tocar o projeto. Para utilizar o sistema de pagamento, basta ter uma conta cadastrada na PagCripto e escolher a opção “Receba Pagamento em Bitcoin”. De acordo com o site da empresa, o cliente pode escolher integrar o módulo HTML ao seu site ou receber o pagamento através de sua conta. Os pagamentos ficam disponível após duas confirmações da rede.
Funcionários, faturamento e crescimento
Ao contrário de grande parte das exchanges do mercado, a PagCripto ainda conta com uma equipe reduzida. Devido ao pouco tempo de atividade, a exchange encontra-se em fase de expansão, tanto de sua plataforma quanto da empresa como um todo.
O quadro atual da empresa consiste nos dois sócios, Carlos Lain e Roberto Oliveira (respectivamente, CEO e CTO), e na designer Regina Zanrosso, que é responsável pela gestão de marketing e mídias da empresa (CMO).
A plataforma também possui limitações, permitindo apenas negociações com Bitcoin no momento. Segundo Lain, existem planos para a inclusão de Decred e Ether na plataforma até o mês de agosto, além da inclusão dos pares BTC e Real para as negociações com as altcoins.
Além da exchange e do gateway de pagamento, a empresa também oferece serviços de consultoria em criptoativos. Para os clientes já cadastrados, existe a possibilidade de conseguir descontos nas taxas de operação através de um programa de pontos, que funciona por meio de indicações de clientes. As indicações feitas por clientes fornecem pontos, os quais podem ser trocados por descontos progressivos, de acordo com a tabela fornecida pelo site da exchange.
A base de clientes gira em torno de 500 cadastros, dos quais 10% negociam ativamente pelo menos uma vez por semana, seja na compra e venda de bitcoins ou no processamento de pagamentos usando a moeda.
Sobre as informações de perfil de cliente e ticket médio, a exchange mantém o máximo de privacidade em relação ao cadastro.
“Informações como idade e sexo não são requisitadas no momento do cadastro. Pedimos apenas as informações que precisam ser repassadas aos bancos, para que possam trabalhar em sua compliance contra lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. No mais, mantemos a privacidade do nosso cliente como fator fundamental. O ticket médio hoje negociado é de cerca de R$450,00 por cliente”, afirma Lain.
Sobre faturamento, a empresa se mostra otimista em conseguir uma boa meta de negociação para 2018.
“Esperamos fechar 2018 com um volume diário de pelo menos 30 bitcoins negociados. Analisando pelo que falta do ano e pelo nosso planejamento financeiro, isso nos permitiria ter um faturamento de pouco menos de R$500.000,00 ainda em 2018.”
Desafios
A PagCripto coloca a desconfiança do mercado em relação as exchanges como um desafio que precisa ser superado pelas empresa. Ele cita casos passados, como o ocorrido com a Mt. Gox, como assuntos que ainda são trazidos à tona sempre que uma nova empresa surge no mercado. “Podemos ver que até hoje o caso da Mt. Gox afeta o mercado de criptomoedas negativamente”, afirma o CEO.
Outras dificuldades apontadas por Lain dizem respeito ao serviço de custódia dos bitcoins dos clientes e a riscos de segurança.
“Especificamente para as exchanges, o grande risco é justamente fazer a custódia do capital dos clientes. Isso obriga que todas estejam sempre informadas sobre qualquer nova falha computacional ou tecnológica que surgir, pois qualquer uma dessas coisas poderia afetar o quão seguro as chaves privadas são mantidas. Mesmo as soluções de Cold Wallet correm riscos, já que em algum momento a Hot Wallet das exchanges podem acabar ficando sem fundos para as operações diárias, obrigando que sejam usadas”, finaliza.