A computação quântica, uma das principais “ameaças” ao Bitcoin, pode estar mais próxima dos usuários comuns do que se imaginava anteriormente. Recentemente, uma pesquisa publicada na Physical Review X (PRX) revelou um novo método de acessar informações armazenadas nos elétrons de um átomo, fato que pode ser o primeiro passo para a produção de desktops quânticos.
Realizada por um grupo de cientistas do Centro de Excelência para Computação Quântica e Tecnologias de Comunicação (CQC2T) da Universidade de Sydney (Austrália) e conduzida pela professora Michelle Simmons, os pesquisadores desenvolveram um método que permite integrar um dos sensores de leitura no gate de controle, o que diminui pela metade a quantidade de gates necessários, fazendo com que os qubits funcionem perfeitamente com apenas um gate de controle e um de leitura. Traduzindo, esse novo tipo de arquitetura pode permitir máquinas menores e com produção em massa, tal qual os desktops atuais.
Simmons não forneceu prazos para que a implementação esteja disponível em escala e nem quando a tecnologia começará a ser “implementada” na fabricação real de processadores quânticos, no entanto, Wander Cunha, chefe da Minsait no Brasil, em uma entrevista exclusiva ao Criptomoedas Fácil, revelou que empresas como D-Wave já estão comercializando computadores quânticos de 2.000 qubits, que foram adquiridos por empresas como Google e NASA.
“Espera-se para 2019 o lançamento da plataforma de computação quântica em nuvem. Desta forma, será possível pagar apenas pelo tempo de processamento sem a necessidade de comprar um computador inteiro. Isso irá tornar possível o uso desta tecnologia por um número maior de empresas”, disse Cunha.
Cunha é direto, “sim, é possível que um computador quântico destrua o Bitcoin. Pela própria característica de processamento acelerado do computador quântico, pode colocar em risco não somente o BTC, mas todo o sistema de criptografia existente”, afirma. Ulisses Mello, diretor do Laboratório de Pesquisas da IBM no Brasil, também é da mesma opinião e revela que “qualquer sistema transacional que usa os sistemas de criptografia atuais, como blockchain ou criptomoedas, poderiam ser facilmente quebrados por um computado quântico”, destacou.
O debate sobre a vulnerabilidade das atuais criptomoedas frente ao poder computacional que pode ser implementado com a computação quântica não é novo. O Bitcoin usa o algoritmo de hash SHA-256, RIPEMD160 e a assinatura Elliptic Curve Digital do algoritmo de criptografia (ECDSA). Muitos acreditam que o ataque de computador quântico poderia comprometer o protocolo ECDSA, enquanto os protocolos SHA-256 e RIPEMD160 permaneceriam imunes.
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Por outro lado, desenvolvedores tanto do Bitcoin como do Ethereum enfatizam que a computação quântica não representa qualquer risco para as criptomoedas e afirmam que o Bitcoin já possui alguma resistência quântica embutida, afinal, se você usa os endereços de Bitcoin apenas uma vez, o que sempre foi a prática recomendada, sua chave pública ECDSA só é revelada no momento em que você gasta os Bitcoins enviados para cada endereço. Um computador quântico precisaria quebrar sua chave no curto espaço de tempo entre quando sua transação é enviada pela primeira vez e quando ela entra em um bloco e mesmo a computação quântica não é rápida o suficiente para tal tarefa. Atualmente, especialistas em Bitcoin tendem a favorecer um sistema criptográfico baseado em assinaturas Lamport. Criptomoedas como a IOTA também afirmam já possuir resistência à computação quântica.