Sam Bankman-Fried (SBF), fundador ex-CEO da FTX, participou remotamente do New York Times Dealbrook Summit na quarta-feira (30). O executivo afirmou que não teve intenção de cometer fraudes e que a FTX US segue solvente.
De acordo com SBF, os problemas na FTX decorreram de um “erro contábil” na plataforma, não por intenção de fraude. Além disso, ele afirmou que a FTX deve liberar os saques dos clientes “em breve”.
Sam Bankman-Fried na alavancagem da Alameda
No evento, SBF participou de maneira virtual e respondeu a uma série de perguntas sobre o colapso da FTX. O entrevistador começou perguntando se a falência resultou de um erro contábil ou de uma “fraude maciça”.
De fato, SBF se defendeu no Twitter e afirmou que não teve intenção de cometer fraude. E a sua resposta foi nesse sentido. “Nunca tentei cometer fraude com ninguém. Fiquei chocado com o que aconteceu este mês”, afirmou o ex-CEO.
Em seguida, o entrevistador leu uma carta de um ex-cliente da FTX alegando que ele havia perdido US$ 2 milhões na exchange. De acordo com a carta, o investidor perdeu as economias de uma vida inteira quando a exchange bloqueou os saques.
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora
SBF respondeu explicando que a Alameda Research tinha mais alavancagem do que ele imaginava. A empresa se excedeu particularmente no uso do tokens FTT como garantia.
Quando o token caiu 90% no início do mês, as posições de margem da mesa de operações foram compensadas na FTX Trading. Mas a FTX não tinha “nenhuma capacidade realista para liquidar essa posição”.
Quando questionado sobre onde a FTX conseguiu o dinheiro para emprestar à Alameda, SBF foi evasivo e afirmou que “não juntou fundos conscientemente”. Ou seja, não utilizou os fundos dos clientes de forma deliberada para repassar à Alameda.
Em vez disso, ele apontou inúmeras falhas de supervisão de sua parte em relação ao tamanho do comércio da Alameda.
SBF cometeu fraude?
Apesar das alegações da SBF, o entrevistador não recuou e fez referência a um relatório do Wall Street Journal alegando que Carloine Elison, CEO da Alameda, usou fundos de clientes FTX para cobrir chamadas de margem em sua empresa
Conforme o relatório, SBF e o chefe de engenharia da FTX, Gary Wang sabiam disso. A Reuters afirmou que Wang criou uma “porta dos fundos” na FTX, permitindo que SBF alterasse o registro financeiro da empresa.
SBF não forneceu uma resposta direta a essa pergunta, mas citou novamente uma discrepância entre as finanças auditadas da FTX e a “exibição do painel” da posição de alavancagem da Alameda.
O ex-CEO também argumentou que a FTX e a Alameda reduziram suas conexões desde 2019, sendo que esta última representa apenas 2% do volume da FTX até 2022.
Apesar dos problemas da FTX, Bankman-Fried afirmou que a FTX US não é insolvente, repetindo comentários de uma entrevista na terça-feira, quando disse que se arrependia de ter declarado falência na filial dos EUA.
“Até onde sei, a plataforma é totalmente solvente. Acredito que as retiradas podem ser abertas hoje e que todos podem ficar inteiros com isso”, disse ele. Mas SBF não afirmou quando – ou se – a FTX pretende retomar os saques.
Por fim, SBF foi questionado sobre por que a FTX não possuía um diretor financeiro, mas a entrevista acabou subitamente antes que ele respondesse.