O real enfrenta uma grande volatilidade no seu mês de aniversário, conforme mostram dados da plataforma TradingView. A moeda brasileira vem perdendo valor frente ao dólar, que chegou a fechar junho abaixo de R$ 5,00, e já acumula uma perda de 6,11% nos últimos sete dias.
Como resultado, a moeda norte-americana está cotada a R$ 5,27 nesta quarta-feira (7), com uma alta de 1,53% no pregão de hoje. Este é o maior valor atingido pelo dólar nos últimos 30 dias.
“Alegria durou pouco”
Considerando apenas dias úteis, o dólar precisou de apenas cinco pregões para voltar a se valorizar e apagar semanas de valorização positiva. Mas o que pode ter causado uma virada tão brusca no comportamento do real?
Em primeiro lugar, a apreciação do dólar não é um fenômeno isolado, como mostra o índice internacional da moeda (DXY), cuja valorização é de 2,8% no mesmo período de um mês. Ou seja, o dólar também ganhou valor perante outras moedas globais.
No entanto, os fatores domésticos fizeram com que esta valorização fosse mais acentuada no Brasil, conforme destacou o economista Fernando Ulrich. Na visão do economista, as tensões políticas em Brasília, bem como a má aceitação da reforma tributária, elevaram o grau de risco no Brasil.
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“Tudo isso traz incerteza e imprevisibilidade, isto é, coisas que o mercado não gosta. E quando há elevação do Risco Brasil, hoje em dia, a maior parte do risco é precificada na taxa de câmbio”, afirmou Ulrich.
Diante deste cenário, qualquer outra política torna-se irrelevante para controlar o câmbio. Por exemplo, as elevações da taxa Selic feitas pelo Banco Central (Bacen) contribuiu para a queda do dólar. Todavia, o efeito foi revertido logo após o início da crise política.
Isso significa que as elevações de risco tendem a se refletir na taxa de câmbio. Como resultado, as previsões do Boletim Focus já preveem uma taxa de câmbio acima de R$ 5,00 até 2024.
Bitcoin pega contramão e ganha valor
Ao passo que o real perder valor, o Bitcoin (BTC) segue o caminho oposto. Desde o início do mês, a criptomoeda acumula uma valorização de 2,21%, com seu preço cotado a US$ 34 mil.
Por outro lado, o BTC foi beneficiado pela alta do dólar e, no par BTC/BRL, já acumula uma alta de 6,48% no mesmo período. Em outras palavras, o real está perdendo uma guerra disputada em duas frentes, perdendo valor tanto para o BTC quanto para o dólar.
Enquanto os riscos do Brasil são refletidos na taxa de câmbio, o BTC não sofre com essas interferências. Não há políticas monetárias nem riscos de governanças. Portanto, apesar do cenário para a criptomoeda não ser dos melhores, o BTC ainda consegue prosperar frente o real.
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