Na semana passada, o mercado financeiro recebeu com surpresa a notícia (para muitos, a notícia do ano) de que a Intercontinental Exchange (ICE), grupo que controla a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), a maior bolsa de valores do mundo, está formando uma nova empresa chamada Bakkt, buscando superar a divisão entre Wall Street e o mercado de ativos digitais.
O entusiasmo com a notícia não foi restrito apenas aos participantes do ecossistema de criptoativos. De acordo com a CCN, o executivo-chefe da ICE acredita que o Bitcoin tem o potencial de ser a primeira moeda mundial do mundo e ele aposta em um plano ambicioso para tornar isso realidade.
Em entrevista ao site de notícias Fortune, Jeffrey Sprecher, fundador, presidente e CEO da ICE, explicou que acredita que, reforçado pela infraestrutura da Bakkt, o Bitcoin poderá tornar-se a moeda internacional escolhida para pagamentos globais.
“O Bitcoin simplificaria muito a movimentação global de dinheiro”, disse Sprecher. “Ele tem o potencial para tornar-se a primeira moeda mundial.”
O movimento mostra que a ICE não só lançará um produto futuro de Bitcoin que poderá ser fisicamente liquidado, mas também ajudará diretamente empresas – como a Starbucks, que é parceira da ICE no lançamento da Bakkt – a aceitar ativos digitais como o Bitcoin para pagamentos no dia-a-dia. Isso representa uma reviravolta notável para a ICE, que ainda em dezembro afirmava que não queria apressar o lançamento de produtos baseados em Bitcoin.
Enquanto negavam em público, Sprecher e outros executivos planejavam, em particular, o lançamento de um dos mais ambiciosos projetos de criptomoedas que qualquer empresa de Wall Street já havia tentado: um serviço de negociação e custódia de Bitcoin, o primeiro do tipo a ser lançado por uma grande bolsa internacional.
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E, se bem sucedido, o projeto promete firmar o Bitcoin no mercado tradicional. Sprecher diz que também pode ajudar gerentes de ativos convencionais a atrair investidores mais jovens, que às vezes são bastante céticos quanto aos produtos financeiros tradicionais.
“A geração millennial não confia em instituições financeiras tradicionais. Para ganhar sua confiança, bancos, corretoras e gestores de ativos podem usar uma moeda em que eles acreditam, como o Bitcoin. Usar moedas digitais traz muito barulho ao mercado”, disse ele à Fortune.
Notavelmente, esse comentário remonta a outra declaração feita por Sprecher, meses antes de revelar que a ICE pretende assumir um papel central na facilitação desse “barulho” – declaração que traz à tona uma realidade que parte dos usuários de criptoativos entende: a desconfiança das pessoas em grandes instituições financeiras.
“Há uma tendência que não podemos ignorar em minha mente, por isso não a descarto”, disse o CEO em abril. “As pessoas colocam mais fé em um cara chamado Satoshi Nakamoto, que ninguém nunca conheceu, do que no banco central norte-americano (FED).”