2018 foi o ano em que o mercado de criptomoedas completou 10 anos, contando da data de publicação do paper por Satoshi Nakamoto.
Desde então, várias fases surgiram nesse mercado. Da descrença inicial, passando pelas acusações de fraude, bolha e associação com crimes, pela queda de quase 90% entre 2013 e 2015, até o ressurgimento, que hoje levou as criptomoedas a figurarem mesmo nos grandes mercados internacionais.
Hoje, poucos tratam o Bitcoin e outras moedas com desdém e como brincadeira. Ninguém pode saber se o Bitcoin será a moeda dominante no longo prazo, mas no presente já é uma realidade que a moeda – e sua tecnologia – conquistaram seu espaço.
Isso, no entanto, não impede que analistas, representantes do sistema bancário e vários empresários ainda levantem a bandeira da “bolha” e da “fraude”, ainda que o número de apoiadores também tenha aumentado e se tornado mais enfático em sua defesa dos benefícios do Bitcoin.
Falando sem conhecimento
Pessoalmente, não vejo nenhum problema em alguém ter descrença ou desconfiança em relação a criptomoedas. Afinal, estamos em um mercado totalmente novo, com tecnologias que nunca foram inventadas e que, até pouco tempo atrás, eram consideradas inconcebíveis do ponto de vista tecnológico. O problema está em fazer uma análise superficial, sem levar em conta os usos e benefícios trazidos pelo Blockchain nesses últimos dez anos.
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Dizer que o Bitcoin é inútil como reserva de valor é simplesmente ignorar o fato de que milhares de venezuelanos utilizam a moeda para evitar morrer de fome em um país com a economia destroçada pela hiperinflação. Da mesma forma, afirmar que o Blockchain é uma fantasia sem nenhum valor prático significa desprezar, de forma arrogante ou ignorante, as iniciativas – privadas ou estatais – de uso dessa tecnologia para a criação de registros seguros, confiáveis e imutáveis de informações e títulos diversos.
Análise sem paixão
Humildade, eis a característica que considero fundamental para qualquer investidor ou analista ter antes de emitir uma opinião; não apenas sobre criptomoedas, mas sobre qualquer outro assunto.
Humildade de reconhecer que esse é um novo mercado. Uma nova tecnologia. E em ambos, vários conceitos já estabelecidos simplesmente não se encaixam.
Não creio que o Blockchain será a salvação do mundo, como muitos entusiastas mais fervorosos defendem com unhas e dentes. Um martelo é útil para pregar objetos, mas dificilmente seria para cortar carne. Nem todos os problemas do mundo podem ser resolvidos via Blockchain.
Isso, porém, não muda o fato de que várias demandas estão sendo solucionadas com o uso da tecnologia. Da medicina até o mercado de turismo, mais ideias surgem não a cada dia, mas a cada hora.
Até quando esse fenômeno irá prosseguir? Ninguém sabe. Mas o fato é que ele pode seguir aumentando ou diminuindo de ritmo, mas dificilmente poderá ser parado.
Justamente pelo fato de estarmos diante de um novo mercado que é tão difícil dizer se o mercado de Bitcoin e criptomoedas está ou não em uma bolha. Criptomoedas são a prensa do século XXI, o equivalente monetário ao e-mail, o WhatsApp do dinheiro. Mas a grande diferença é que, em toda a história humana, jamais se viu uma forma de dinheiro surgir espontaneamente através do mercado e sem nenhuma – absolutamente nenhuma – anuência do estado.
Conclusão
Portanto, é preciso ter humildade para dizer que simplesmente não é possível prever o preço ou ciclos da moeda através da maioria dos meios tradicionais. Criptomoedas não são nem se comportam como ativos tradicionais.
Tentar prever movimentos ou preços baseado em algumas análises tradicionais pode dar a impressão de que o momento atual seja de bolha. Mas inferir daí que o mercado em si é insustentável sem apresentar nenhuma evidência relevante, ou mesmo tentando analisar os movimentos segundo o ponto de vista tradicional pode não ser a melhor forma de avaliar novos ativos.
Eu mantenho minha expectativa positiva em relação ao mercado. E mantenho também o meu cérebro atento. Afinal, a cada hora um novo aprendizado surge em um mercado tão inovador quanto a Internet dos anos 1990.