A tecnologia blockchain promete revolucionar a indústria e a sociedade que vivemos hoje. Apesar de praticamente 90% dos projetos atuais ainda estarem em fase de testes ou serem apenas “promessas” que precisam de ofertas iniciais de moedas (ICOs, na sigla em inglês) e outras iniciativas de financiamento para tornar a proposta real, Serra Leoa, país africano, saiu na frente e realizou a primeira aplicação da tecnologia em uma votação presidencial.
A votação presidencial aconteceu na última quarta-feira, 07 de março, e foi realizada por meio de uma startup suíça chamada Agora, que utilizou uma blockchain permissiva construída com a Monax, com autorização do Comitê Nacional Eleitoral de Serra Leoa (NEC, na sigla em inglês). Para os funcionários da Agora, e de Serra Leoa, isso significou a transferência segura de informações para um DLT verificável, à prova de fraudes, no qual os operadores de nós independentes, incluindo a Cruz Vermelha, o Instituto Federal Suíço de Tecnologia e a Universidade de Friburgo, puderam verificar e validar cada cédula e os resultados eleitorais.
“Agradeço à Serra Leoa por mostrar ao mundo o quão visionários eles são ao proporcionar eleições grátis e transparentes para o povo”, destacou Leo Gammar, CEO da Agora.
De acordo com Jaron Lukasiewicz, o COO da Agora, os benefícios adicionais de usar um sistema de votação em blockchain versus notas de papel incluem custos reduzidos, a remoção de erros humanos e o acesso público mais rápido aos resultados eleitorais. Para Serra Leoa, esta eleição foi particularmente notável, afinal também foi a primeira vez na história do país que mais de dois candidatos tiveram uma chance significativa de ganhar, criando a possibilidade de um parlamento mais diversificado. Historicamente, desde 1961, o Partido do Congresso de Todos os Povos (APC) e o Partido do Povo de Serra Leoa (SLPP) dominam o parlamento do país. Nesta eleição, porém, um total de 16 candidatos estavam na competição.
Como destaca a CCN, agência de notícias norte-americana especializada no universo cripto, este evento marca um primeiro passo importante para melhorar o processo democrático em países historicamente impactados por fraude e corrupção através das cédulas de papel. Embora ainda seja cedo, as implicações da votação em blockchain podem ser transformadoras para as democracias em todo o mundo.
No entanto, esta primeira votação não foi totalmente realizada em blockchain. Primeiro porque o processo todo foi feito “offline” ou seja por meio de cédulas tradicionais, além disso, a Agora não contou todas as cédulas, e sim apenas aquelas que foram distribuídas no distrito mais populoso do país, onde está localizada a capital Freetown. Cerca de 400 mil cédulas foram introduzidas manualmente no sistema por uma equipe de 280 observadores credenciados que atuam em diversos locais. O resultado final será anunciado pelo NEC, a autoridade eleitoral de Serra Leoa e não pela Agora que, juntamente com outros observadores credenciados, está fazendo uma “contagem independente” para comparação.
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“Estes são os resultados finais da Agora para a área ocidental. O NEC vai ter seus próprios resultados. Outros observadores terão seus próprios resultados” , disse Leonardo Gammar, CEO da Agora.
Os resultados da Agora mostraram Samura Kamara, candidato do partido em exercício, do Congresso de Todos os Povos, com uma vantagem de 12 pontos. Se confirmado, Kamara teria ganho no distrito ocidental com 54,7%, resultado que não é suficiente para torná-lo eleito, afinal para se eleger em Serra Leoa é preciso obter 55% nas urnas, assim se os resultados nacionais forem semelhantes, ele pode enfrentar um segundo turno contra o Julius Bio do SLPP, que obteve 32,5%, também de acordo com a Agora.