Dia 20 de fevereiro será o lançamento da pré-ICO do “El Petro”, criptomoeda venezuelana e a primeira moeda digital estatal do mundo. Nesta fase, a venda do token será restrita aos investidores institucionais, que receberão até 60% de desconto na aquisição. O Petro, segundo o governo venezuelano, será lastreado em barris de petróleo não desenvolvidos que existem no subsolo no bloco de Ayacucho do Cinturão do Orinoco. Os conselheiros que trabalham para o governo asseguram que cerca de 38,4% dos tokens da moeda digital serão vendidos nesta fase.
Carlos Vargas, superintendente de Criptoativos e Atividades Relacionadas da Venezuela, deu novas declarações antes do lançamento, indicando que o El Petro já possui muitos interessados internacionais, inclusive da Europa e dos EUA. Segundo Vargas “existirão muitos anúncios no início do processo nesta terça-feira, 20 de fevreiro, e certamente terão muitos investidores do Qatar, da Turquia e de outras partes do Oriente Médio, embora também europeus e americanos”.
Segundo José Vielma Mora, Ministro do Comércio Exterior da Venezuela, investidores brasileiros, canadenses e europeus também anunciaram investimentos no Petro. De acordo com Vielma, um grupo de empresários brasileiros deseja investir um total de US$300 milhões, começando com um aporte de US$100 milhões. O Criptomoedas Fácil fez um cálculo e, se o valor e a compra forem confirmadas, somente o grupo brasileiro irá adquirir mais de 8.333 milhões de unidades da moeda digital venezuelana, caso o desconto de 60% anunciado para esta primeira rodada seja aplicado.
Petro por remédio
Muito antes dos recentes anúncios de investidores internacionais, Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, tem buscado apoio institucional e financeiro para seu projeto. Entre eles estão a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a qual Nicolás sugeriu adotar uma criptomoeda comum para a organização, sem citar o Petro diretamente. O presidente já buscou respaldo internacional para os planos de seu token ERC-20 no Qatar e na ALBA.
De acordo com Vielma, países da Europa também darão respaldo ao Petro, como Polônia, Dinamarca e Noruega. Outros países também teriam manifestado interesse em exportar mercadorias para a Venezuela, como alimentos e remédios, no valor total de US$435 milhões, aceitando a criptomoeda de Maduro como forma de pagamento. O ministro também declarou ter sido procurado por representantes de uma Câmara de Comércio do Canadá, que possuem interesse em trocar produtos farmacêuticos pela moeda digital venezuelana.
Petro já é ‘proibido’ nos EUA
A ideia de lançar uma moeda digital, por parte dos venezuelanos, teve como objetivo driblar as restrições impostas, principalmente pelos EUA. O congresso venezuelano, majoritariamente de oposição, já proibiu o Petro, alegando que ele é inconstitucional e ilegal.
Além do congresso venezuelano, os norte-americanos são fortes opositores aos planos de Maduro. Juan Zarate, que foi o responsável pela criação de algumas sanções, declarou recentemente que a possibilidade de tokenização retira do dólar poder de denominador comum e impede a imposição de qualquer medida de pressão econômica para restringir a circulação de bens e divisas e, assim, diminui enormemente a capacidade norte-americana neste campo.
O Departamento do Tesouro dos EUA declarou a criptomoeda venezuelana como ‘ilegal’ para cidadãos norte-americanos, tendo em vista as últimas sanções impostas por Donald Trump.