O brilhante criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, deixa muito claro logo no início do artigo técnico que deu origem à tecnologia o motivo pelo qual ela é tão revolucionária.
Uma versão de dinheiro eletrônico puramente ponto-a-ponto permitiria o envio de pagamentos online diretamente de uma parte a outra sem passar por uma instituição financeira.
Negritei o trecho acima de propósito para deixar explícito que a visão de Satoshi pressupõe relações exclusivamente bilaterais.
Contudo, nove anos depois da publicação do artigo, a maioria das transações de compra e venda de Bitcoin acontece justamente por meio de intermediários, representados principalmente pelas corretoras (também conhecidas como exchanges).
Só para se ter ideia, nas últimas 24 horas (escrevo este post no dia 15 de novembro de 2017, às 15h20, horário de Brasília), mais de R$ 30 milhões foram movimentados nas corretoras brasileiras.
Muita gente novata acha que comprar Bitcoin significa simplesmente realizar o cadastro em uma corretora, fazer o depósito em reais e criar uma ordem de compra.
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Corretoras ou qualquer outro tipo de serviço ou empresa que façam a custódia dos seus ativos digitais criptográficos estão sujeitas a ataques hackers e à censura de governos e entidades reguladoras, que são cada vez mais comuns, como prova esta lista (disponível apenas em inglês) feita pelo blog do site LocalEthereum.com, que compila nada menos que 30 casos deste tipo.
No Brasil, em 2013, também tivemos um suposto ataque hacker que roubou milhares de Bitcoins da corretora Mercado Bitcoin. Para se ter ideia do tamanho do problema, uma das vítimas tenta recuperar na justiça um saldo de 2183 Bitcoins, que na cotação atual (US$7.215 por unidade) valem mais de US$ 15,7 milhões.
Um tópico no Bitcoin Talk, criado por Leandro Marciano, então sócio-proprietário do Mercado Bitcoin à época, mostra em detalhes a magnitude do caso que ainda se arrasta na justiça.
Portanto, se você comprou Bitcoin em alguma corretora e continua com o saldo lá, por favor, retire-o de lá. Armazene-o de maneira que você mesmo faça a custódia das suas chaves privadas que dão acesso ao seus fundos. Não deixe seu Bitcoin nas corretoras, porque elas não são um banco e, principalmente, porque elas são o principal alvo dos hackers.
Caso você também não queira correr o risco de comprar moeda digital na corretora, procure um negociante que tenha referência na comunidade brasileira de Bitcoin no Facebook. Vendedores que atuam no chamado mercado P2P (peer-to-peer) enviarão os Bitcoins diretamente para a carteira que você quiser.
Assim, se você fizer a lição de casa sobre como armazenar seus Bitcoin com segurança, a chance de você ser roubado digitalmente é praticamente inexistente.