Por um período de tempo, o pool de mineração chinês BTC.top conseguiu angariar poder de hasrate superior a 50% na rede do Bitcoin Cash (BCH), levantando dúvidas sobre a segurança da criptomoeda, tendo em vista que o cenário verificado poderia permitir ao pool executar um ataque de 51% em uma das principais criptomoedas do mercado e, com isso, cunhar novas moedas ou executar ataques de gasto duplo.
De acordo com os dados do Coin Dance, o pool chegou a ter 50,2% de toda a rede do BCH com hashtate de 679 PH/s contra 275 do BTC.com , 215 PH/s do ViaBTC, 125 PH/s do AntPool e 187 PH/s do Bitcoin.com. Embora isso possa ter acontecido por vários fatores que não são possíveis de identificar, o cenário é preocupante e mostra a centralização pela qual o BCH vem sendo criticado. No momento da escrita, a taxa de poder do BTC.top caiu abaixo do 40%, indicando que mineradores podem justamente terem direcionado suas máquinas para outros serviços motivados pelas estatísticas verificadas no pool.
O projeto do BCH, muitas vezes liderado por Roger Ver, foi criticado no ano passado pelo Bitpico por supostamente ter falhado em um “teste de estresse”. Segundo o grupo hacker, evidências mostravam que a maioria dos nós do Bitcoin Cash estavam em um mesmo servidor, o que expunha a criptomoeda a ataques e ameaças de segurança. Além disso, Alex Simons, chefe da divisão de identidade da Microsoft, descobriu recentemente que aumentar o tamanho do bloco era uma ameaça à descentralização e a soluções como a Lightning Network.
“Embora algumas comunidades blockchain tenham aumentado a capacidade de transação na cadeia (por exemplo, aumentos de tamanho de bloco), essa abordagem geralmente degrada o estado descentralizado da rede e não pode alcançar os milhões de transações por segundo que o sistema geraria em escala mundial”, disse Simons.
Os ataques de 51% foram executados em vários projetos de criptomoedas durante o ano de 2018, uma delas, o Bitcoin Gold sofreu um ataque que culminou em gastos duplos sendo executados por vários dias, resultando em mais de US$18 milhões de BTG roubados. Em alguns casos, pools de mineração que cruzaram involuntariamente a barreira de 50% do hashrate reduziram voluntariamente seu poder de computação com o objetivo de redistribuí-lo para outros pools de mineração. O GHash.io, por exemplo, ultrapassou 50% do poder de computação do Bitcoin em julho de 2014, mas o reduziu de volta para 40% após enfrentar uma reação da comunidade.